Ainda não é oficial o regresso do ex-Presidente dos Estados Unidos Donald Trump ao mundo da política ativa, mas a promessa de uma “terceira vitória” ficou no ar. “Ganhei a primeira. Nós ganhámos a segunda”, disse, voltando a insistir que Joe Biden foi eleito irrregularmente, durante um discurso na Conferência de Acção Política Conservadora (CPAC) em Orlando, Florida, referindo-se às presidenciais de 2016 e de 2020.
“Quem sabe, talvez decida vencer [os democratas] uma terceira vez”, prometeu naquela que foi a sua primeira grande aparição pública desde que deixou a Casa Branca, há quase seis semanas, e desde que foi absolvido do seu segundo processo de impeachment por alegado incitamento à insurreição no assalto ao Capitólio, a 6 de janeiro. E recebeu uma forte ovação.
Quando se referiu ao seu sucessor, Trump descreveu o primeiro mês de Joe Biden como o “mais desastroso” de qualquer Presidente da história moderna. “Todos sabíamos que a administração Biden ia ser má, mas ninguém imaginaria quão mau ele viria a ser e quão longe estaria disposto a ir”, disse Trump, referindo-se às inúmeras medidas que o atual Presidente revogou e que tinham sido promulgadas durante o seu mandato, nomeadamente, na área da imigração. “As políticas radicais de imigração do Biden não só são ilegais, como imorais, cruéis e uma traição do valor da nossa nação”, acusou o ex-Presidente.
Apelo à união e peditório conservador O seu discurso motivou um longo artigo de fact checking no Independent, que refutou as considerações sobre a sua vitória nas eleições de 2020, sobre imigração, energias renováveis ou pessoas trans.
O ex-Presidente aproveitou para pedir novos fundos para “recuperar o futuro”.
Trump afastou os rumores sobre a hipótese de criar um terceiro partido para competir contra os democratas, recordando que ainda “temos o partido republicano”.
“Ele estará unido e mais forte do que nunca”, afirmou, apesar de sete senadores republicanos terem votado a favor da sua destituição, no mês passado – nunca um Presidente tinha tido tantos membros do seu partido a votarem a favor de um impeachment.
Contudo, os republicanos demarcaram-se do ex-Presidente e da CPAC, defendendo que esta não representa por completo o partido. “Se planeamos ganhar em 2022 [nas eleições intercalares] e em 2024 [nas eleições presidenciais], temos que ouvir todos os eleitores, não apenas aqueles que gostam do Presidente Trump, mas até aqueles que estão mais inseguros”, disse o senador republicano do Louisiana, Bill Cassidy, à CNN. “Se idolatrarmos apenas uma pessoa, nós vamos perder. Isso tornou-se claro nas últimas eleições”, acrescentou.
Atualmente, apesar da sua recandidatura não ter sido oficializada, o ex-Presidente está numa boa posição para voltar a conseguir um bom resultado nas eleições. Segundo um inquérito feito aos participantes da CPAC, Trump continua com uma forte base de apoio, cerca de 55% dos participantes revelaram que votariam no ex-Presidente para a corrida de nomeação presidencial republicana de 2024.
A administração Biden não teve nada a relatar sobre esta conferência. “O nosso foco não estará certamente no que Trump anda a dizer” no CPAC, disse a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, as jornalistas na semana passada.