Hotéis. Pandemia levou a perdas de 3,27 mil milhões em receitas

Taxa de ocupação ficou nos 26%, revela AHP.

2020 foi um ano atípico para o setor hoteleiro e as perspetivas para este ano também não são as melhores. No ano passado, a pandemia levou a uma perda de 73% das receitas das unidades hoteleiras, o que se traduz em perdas de 3,27 mil milhões de euros. No total, a taxa de ocupação não ultrapassou os 26%, uma percentagem “mísera”. Já as perdas na receita do alojamento chegou aos 69%.

Os dados foram apresentados esta quarta-feira pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) e Cristina Siza Veira, presidente executiva da associação, não tem dúvidas: 2020 foi um “ano brutalmente atípico”.
“Dentro do mau relativo […], tivemos o Alentejo com a melhor performance relativa em termos de taxa de ocupação, ainda assim na ordem dos 40%”, avançou a AHP.

Mas menos significativa foi a quebra do preço médio por quarto, que rondou os 20%. Segundo a AHP este valor mostra que nos períodos em que os estabelecimentos estiveram abertos, não praticaram preços expressivamente mais baixos. Cristina Siza Vieira garantiu que os hotéis “não andaram em saldo”.

No inquérito feito entre 4 e 28 de fevereiro, 89% apontou Portugal como principal mercado, seguindo-se Espanha (63%) e França (45%). O Reino Unido foi apontado por apenas 27% dos inquiridos. “O mercado interno, que não significa mais do que 30% das dormidas atualmente, foi apresentado como principal mercado por 89% dos inquiridos, o que é uma alteração de paradigma”, disse a CEO da associação.

Quanto aos apoios do Estado, a esmagadora maioria (96%) recorreu ao layoff simplificado. Além disso, 75% dos inquiridos recorreu ao apoio à retoma progressiva, 31% à linha de apoio à covid-19, 27% ao incentivo extraordinário à normalização da atividade empresarial e 22%.

Para este ano, as perspetivas dos empresários hoteleiros são um pouco mais otimistas mas, ainda assim, sem esperanças muito elevadas.

O fecho das fronteiras, a limitação da aviação e o plano de vacinação são fatores que levam quase 40% dos inquiridos a admitir não voltar a abrir portas até ao final deste ano. “Vai ser um ano muito, muito tímido em termos de aberturas. […] Vai ser um ano ainda pobre em termos de oferta de alojamento, porque, naturalmente, vai haver ainda muito pouca procura”, disse ainda Cristina Siza Vieira.

A responsável defende ainda que “não é o verão que vai fazer a hotelaria abrir”, lembrando ainda que, neste momento, “as reservas são de uma timidez constrangedora. Há algum movimento nas reservas, mas é muito tímido, mesmo para o verão”.

Os dados do inquérito mostram também que cerca de metade dos hotéis aponta que a retoma aos níveis de 2019 só deverá acontecer no segundo semestre de 2022 e o primeiro semestre de 2023. 24% dos hotéis que aponta 2024 para essa retoma. “Sabemos que vai ser um ano muito difícil, em que a tendência é de viagens domésticas e regionais no limite”, diz Cristina Siza Vieira.