Por Francisco Rocha Gonçalves
Vice-Presidente da Câmara Municipal de Oeiras
Completa-se por estes dias um ano desde que foi decretado primeiro estado de emergência em Portugal. Mal sabíamos onde estávamos e para onde iríamos. Não mais os dias foram como os conhecíamos. Este foi o primeiro ano do resto das nossas vidas.
Têm sido tempos de muito desgaste para todos, de sofrimento para alguns, muito trabalho para outros, despertando sentimentos que muitos desconheciam. Um ano de aprendizagem, de muitas lições. Esperemos.
Mas, aquela que hoje destaco, é a crise desta pandemia que deixou a nu todas as fragilidades do nosso Estado, e do País, e trouxe ao de cima os problemas económicos e sociais que, sabíamos, estavam à espreita.
O Estado desarmou-se nas últimas décadas. Entre as reformas que foram feitas, e as que nem sequer foram tentadas, nunca houve a preocupação de atingir o “Estado necessário”.
Vivemos sempre a fazer contas ao Estado, sem saber se estávamos a cumprir com as necessidades do bom governo e do bom serviço público. Corremos sempre atrás do prejuízo em vez de ajuizar com antecedência. Como se exige a quem governa.
O resultado está à vista. Fomos incapazes de planear a vacinação convenientemente e de nos organizarmos no meio do caos que a pandemia trouxe.
É incompreensível a forma desajustada e atabalhoada com que foi elaborada a lista de prioritários para a vacinação. Não é aceitável o que se passou com o alívio de medidas no Natal e outras decisões de fracasso que nos trouxeram até aqui.
Se, no início, poderíamos desculpar-nos com o desconhecido, com a realidade nova que mudava de semana a semana, com atualizações dramáticas dia após dia, agora, passado um ano, já não há forma de condescendência.
Durante este ano fomos o que sempre fomos: improvisadores. Não se leia nesta frase uma crítica a este Governo, ela é uma crítica a todos os últimos governos.
No âmbito económico, está discretamente instalado o pânico. Ainda as nossas empresas esgravatavam para sobreviver à anterior crise económica, para, menos de uma década mais tarde, se depararem com uma tempestade perfeita. E, agora, a situação é-lhes incomportável.
Naturalmente que esta tempestade perfeita abater-se-á fortemente sobre a nossa comunidade também. Já se começa a notar nas famílias, nos pedidos de apoio, nos relatos de dor e de sacrifício.
Desespera-se por respostas e a resposta a esta crise é igual à resposta a todas as crises: organização e trabalho.
Teremos mais um mês de confinamento. E depois haveremos de desconfinar. Que a lição tenha sido estudada, que alguns exemplos desastrosos deste recente passado não se repitam, que o plano de desconfinamento seja feito com a organização e o detalhe acertados. Mais não se espera. É tudo o que se exige. São precisas respostas claras. Só assim nos permitiremos a iniciar com esperança um novo ano no resto das nossas vidas.