Na proposta que apresentaram não previam a abertura do 1.º ciclo e cabeleireiros nesta 1.ª fase e o comércio seria só com vendas ao postigo. O que vos levou a fazer uma proposta mais limitada?
Relativamente às escolas, acima de tudo a questão da gradualidade. Espera-se que haja um aumento de transmissibilidade com a abertura, cujo impacto depende da dimensão da população envolvida. Existe evidência de que as crianças são menos suscetíveis e foi dada prioridade às mais pequenas. Não havia em rigor grande diferença de impacto entre pré-escola e 1.º ciclo. Quanto aos cabeleireiros, na nossa proposta estavam categorizados dentro do grupo de atividades que exigem contacto físico individual, pelo que não se consideraram de reabertura prioritária.
Que resultado projetavam ao fim de duas semanas com a vossa proposta e que diferença pode fazer abrir com mais atividades?
A projeção era de que houvesse um acréscimo de transmissibilidade, mas que tanto quanto o possível o Rt se mantivesse abaixo de 1 nesta 1.ª fase. Com esta abertura mais ampla, esse objetivo será mais incerto mas, em todo o caso, com as restrições da Páscoa haverá oportunidade de fazer uma avaliação atempada do impacto. O RT tem estado abaixo de 1, mas tem vindo a subir.
Defenderam que é preciso continuar a reduzir a incidência para prosseguir com o desconfinamento. Não é expectável que os contágios comecem a aumentar quando mais pessoas circulam e contactam umas com as outras diariamente?
O aumento da transmissibilidade é inevitável. No entanto, desde que o Rt esteja abaixo de 1, os casos continuam a diminuir, ainda que eventualmente de forma mais lenta. A calendarização progressiva de abertura possibilita que possamos diminuir o risco de um aumento sustentado, enquanto aguardamos que os níveis maiores de vacinação produzam efeito.
Se as infeções aumentarem de novo, o que seria um crescimento controlado e um sinal vermelho?
Um crescimento controlado seria, por exemplo, um Rt pouco acima de 1 acompanhado de uma incidência abaixo de 60 casos por 100 mil habitantes a 14 dias. Um sinal vermelho, é haver um risco de em poucos dias se atingir a fasquia dos 240 de incidência. A maior preocupação é a incerteza associada às novas variantes, para as quais a melhor defesa é a manutenção de uma incidência baixa. Para conseguir isso é necessária a adesão da população.