O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, considerou, esta terça-feira, que é necessário transmitir à população uma mensagem de “segurança e tranquilidade” relativamente às vacinas contra a covid-19.
Em declarações à agência Lusa, o bastonário disse que “a mensagem que temos de passar às pessoas é uma mensagem de segurança, tranquilidade e de confiança” porque estas vacinas foram "amplamente testadas” e os seus ensaios "envolveram milhares e milhares de pessoas” e “têm o escrutínio de todo do mundo” quanto à sua eficácia e segurança. Para Miguel Guimarães, estes relatos comprovam que "o sistema de farmacovigilância está a funcionar por excesso e não por defeito".
"Qualquer coisa que aconteça a um doente vacinado põe-se sempre em questão se tem algum relacionamento com a vacina", explicou.
O bastonário dos Médicos afirmou ainda que a comunicação neste caso tem que "ser criteriosa e cirúrgica" para que as pessoas não percam a confiança no plano de vacinação, que "é essencial". "Não só vai salvar milhares e milhares de vidas como vai permitir recuperar as pessoas que ficaram para trás devido aos efeitos económicos da pandemia", defendeu, destacando que a comunicação também tem de ser eficaz para não dar força aos movimentos antivacinas.
"Não há dúvidas que todos os estudos realizados em todas as vacinas os seus benefícios superam largamente os riscos que estão associados e isto pode ter um efeito negativo naquilo que é agora o nosso objetivo maior que é vacinar rapidamente o maior número de pessoas", disse.
Ainda assim, Miguel Guimarães considera que situações devem ser "investigadas ao mais alto nível", tal como está a ser feito pela Agência Europeia do Medicamento e pela Organização Mundial da Saúde.
Sobre a suspensão da vacina da AstraZeneca em específico, o bastonário considerou que teria "sido sensato" os países terem agido "como um todo" e terem pensado de "uma forma mais unida, mais coerente", aguardando "mais dois ou três dias" pelas conclusões das investigações.
Para o bastonário, mesmo que venha a concluir-se que existe causa/efeito entre a vacina e os casos tromboembólicos registados, é "uma incidência extremamente baixa", muito mais baixa do que, por exemplo, “hemorragias digestivas graves associadas ao uso da Aspirina”.
Miguel Guimarães destacou que trinta casos em cinco milhões de pessoas que foram vacinadas na UE é um número residual – "um episódio por 166 mil pessoas", enquanto na população em geral a incidência de eventos tromboembólicos é de 16 a 38 casos por 100 mil pessoas – e lembrou que inicialmente a vacina não era indicada para maiores de 65 anos. "Isto é importante porque os fenómenos tromboembólicos são muito mais frequentes nas pessoas a partir dos 75 anos", disse.