O ministro Pedro Siza Vieira, na altura advogado da sociedade Linklaters, participou “numa ou outra reunião do conselho de administração” do Novo Banco sobre a venda da seguradora Tranquilidade ao fundo Apollo, confirmou o ex-administrador financeiro do banco, João Moreira Rato, na comissão de inquérito ao Novo Banco. O responsável disse ainda que a equipa de gestão foi surpreendida com a resolução do BES, em agosto de 2014, e que alertou o Banco de Portugal para a insuficiência da capitalização do Novo Banco devido aos riscos futuros.
Recorde-se que a seguradora acabou por comprar a Tranquilidade por 40 milhões, tendo-se comprometido a injetar 150 milhões na seguradora. Em 2019, o fundo acabou por vender a seguradora por 600 milhões à Generali.
BdP foi avisado
O antigo administrador financeiro do Novo Banco disse também que, logo após a resolução do BES, a então administração da nova instituição informou o Banco de Portugal que o capital inicial “poderia não ser suficiente”.
Esta é a resposta do responsável à questão colocada pela deputada Cecília Meireles sobre se o capital inicial de 4,9 mil milhões de euros para o banco de transição que nasceu do colapso do BES era adequado, na perspetiva da primeira equipa de gestão do Novo Banco.
“Pouco tempo depois, ainda em agosto, lembro-me de, no Conselho de Administração, nós discutirmos que o capital que tínhamos poderia não ser suficiente para fazer face os problemas que poderiam ainda acontecer e ter algum impacto no balanço do banco”, disse.
Questionado sobre os motivos desta insuficiência pela deputada do CDS-PP, Moreira Rato explicou que o rácio de capital, depois de “corrigir o que se tinha passado em julho”, se fixava nos “7 e tal por cento”, sendo 7% “o valor alvo” que queriam “evitar passar abaixo”.
E acrescentou: “Tínhamos consciência de que a carteira de empresas do banco poderia a prazo apresentar problemas. Era provavelmente também um dos riscos possíveis que nós considerávamos na altura”.