O relógio avança e estamos quase a chegar ao final do mês de março, data apontada para o fecho da decisão sobre quem sucederá a Gonçalo Reis na administração da RTP. Em cima da mesa estão vários nomes – ainda que nem todos oficialmente confirmados – num total de doze ‘duplas’.
Falamos, por exemplo, de Nicolau Santos, atual presidente da Lusa, e Hugo Figueiredo, administrador da RTP para a área dos conteúdos; Sérgio Figueiredo, jornalista e ex-diretor de informação da TVI, e Ricardo Monteiro, ex-funcionário da Havas, uma empresa francesa de publicidade; Carlos Veloso, antigo presidente da Rádio Comercial, e Isabel Damásio, ex-jornalista da RTP e professora da Universidade Autónoma; Fernando Lopes, ex-diretor de marketing e vendas da Cabovisão, que passou ainda pela McKinsey e Media Capital, e Adriano Prates, que passou pela direção de marketing e vendas da EDP Comercial, tendo sido consultor na McKinsey; ou ainda Pedro Mota Carmo, presidente executivo da NOS Lusomundo Cinemas, e Maria Mineiro, vice-presidente do Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA).
Ao Nascer do SOL, Sérgio Figueiredo confirmou a sua candidatura em conjunto com Ricardo Monteiro. No entanto, confessa não saber de mais nada: «Não sei mais nada. Entregámos as candidaturas. Sei o que tem sido publicado, não sei mais nada».
As notícias dão conta de que o novo Conselho de Administração será conhecido no final deste mês, algo que o antigo diretor de informação da TVI considera ser «apertado». «Isso era o que era dito, não sei se é o que vai acontecer. Falta pouco para o final do mês. Foi-nos dito também que é normal que o CGI queira falar com as pessoas que entregaram as candidaturas mas começo a achar que é um pouco apertado. Não faço a mínima ideia», garantiu. Sobre o facto de poder ser ouvido pelo Conselho Geral Independente (CGI) no decorrer da próxima semana, Sérgio Figueiredo diz apenas: «Não sei de nada».
Quem também concorre à sucessão de Gonçalo Reis é Manuel Coelho da Silva, ex-presidente do Conselho de Opinião da estação pública. Questionado pelo nosso jornal sobre a veracidade da sua candidatura, limita-se a responder: «Não confirmo nem desminto». Mas deixa um alerta. «O que as pessoas queriam neste momento era saber o calendário, isso é que é verdadeiramente importante, faz toda a diferença».
Calendário que não é conhecido também por Carlos Veloso, que confirmou ao Nascer do SOL ter recebido o convite para formalizar uma candidatura. O candidato confirma estar «às cegas» no que diz respeito a prazos e o que sabe é o que tem visto nas notícias: «Não fui [chamado] nem tão pouco sei de data nenhuma. Apenas sei pelos jornais». Carlos Veloso destaca o seu vasto currículo na área dos media e da gestão e garante que «no concurso era pedida uma pessoa que tivesse estado e conhecido bem essas vertentes». «Se isto não chega, o que chegará?», questiona. No entanto, assume não entender bem os critérios, uma vez que, diz, entre os candidatos há «gestores que não são gestores e que nunca tiveram empresa nenhuma». «E estão para ganhar?», questiona. Em causa poderão estar nomes como Nicolau Santos e Sérgio Figueiredo, que são colocados na «pole position» por fontes ligadas ao processo.
A entrevista com a Boyden – um dos primeiros passos deste processo – correu «excecionalmente bem» mas os próximos passos são ainda uma incógnita. «Não me disseram mais nada. Não sei se ainda irei ser chamado, se não irei, não sei qual é o processo», garante Carlos Veloso. Aquando da entrevista com a Boyden, o candidato perguntou sobre a metodologia do processo e os prazos, algo que não lhe souberam responder. E admite ser difícil fazer um projeto estratégico para uma empresa da qual ainda não faz parte: «Se um indivíduo não está lá, como é que sabe diagnosticar a empresa, como é que sabe analisar a envolvente da empresa, o mercado, a concorrência, o perfil do consumidor, o efeito macro económico nessa empresa… Como é que um indivíduo sabe?». Além disso, assume que há equipas que poderão estar em vantagem com essa informação, como será o caso da dupla Nicolau Santos/Nuno Figueiredo, uma vez que o último faz parte da atual administração da RTP.
Quanto ao seu ‘par’, Carlos Veloso não tem dúvidas: «Tem um grande currículo. Conhece bem a rádio e a televisão. É uma mulher que sabe quer do ponto de vista académico quer do ponto de vista da empresa. Fizemos todo o trabalho por nós próprios. Há pessoas que tiveram informação interna que os facilitou».
Para os próximos capítulos desta eleição, o candidato só pede «isenção e compostura».
O Conselho de Administração liderado por Gonçalo Reis terminou o mandato em dezembro do ano passado. O CGI, presidido por José Vieira de Andrade, recorreu à Boyden para ajudar na escolha da nova equipa. O Nascer do SOL contactou o CGI para tentar perceber prazos e critérios, mas aquele órgão diz que nesta fase «nada tem a acrescentar sobre o processo de escolha do novo Conselho de Administração da RTP».