Desemprego de longa duração na zona euro deverá aumentar 38% em 2021

O desemprego de longa duração na zona euro pode atingir, no terceiro trimestre, os 6,6 milhões, o que representa um aumento face ao que se verificava antes da pandemia (4,8 milhões), com expectativa de um ligeiro decréscimo para os 6,5 milhões no final do ano de 2021, estima a Euler Hermes.

O desemprego de longa duração na zona euro pode atingir, no terceiro trimestre, os 6,6 milhões, o que representa um aumento de cerca de 38% face ao que se verificava antes da pandemia (4,8 milhões), com expectativa de um ligeiro decréscimo para os 6,5 milhões no final do ano de 2021, estima a Euler Hermes (acionista da companhia de seguros Cosec).

O estudo publicado recentemente sugere que, perante a expectativa de uma retoma económica lenta e gradual, a par de uma recuperação tímida dos mercados de trabalho da zona euro durante o próximo ano, existe um risco acrescido de que o choque cíclico no mercado de trabalho se torne estrutural, com os números do desemprego a estabilizarem-se num nível elevado.

A análise do acionista da Euler Hermes revela que, no total, há agora 13,7 milhões de desempregados na Europa. Este último valor, embora considerável, não tem em conta os “desempregados invisíveis” – os que não estão registados como desempregados junto das autoridades oficiais de cada país. É também necessário considerar que – e apesar da forte quebra no crescimento económico em todos os países – o aumento expectável do desemprego foi significativamente atenuado pelos programas de apoio à preservação do emprego implementados pelos Governos. A Euler Hermes estima que, só nas quatro maiores economias da zona euro estes programas tenham protegido 25 milhões de postos de trabalho no imediato pós-pandemia.

Portugal: a incerteza sobre o impacto da pandemia. O estudo do banco BPI, também acionista da Cosec, publicado recentemente, revela que, no caso de Portugal, em janeiro deste ano o impacto da pandemia fez aumentar a taxa de desemprego para 7,2%, contrariando a tendência de queda dos meses anteriores. De acordo com a análise, trata-se uma subida de 2,7% da população desempregada face ao período homólogo, que registava uma taxa de desemprego de 6,8% – valores em linha com os verificados antes do surgimento da pandemia.

Este estudo mostra ainda que a população empregada caiu em janeiro face ao mês homólogo (-3,5%), tendência que se verifica há 12 meses consecutivos. Em simultâneo, e pelo segundo mês consecutivo, o emprego caiu em cadeia (-1,7%, ou -79 mil indivíduos), alargando a distância face ao registado antes da pandemia (-3,1% face a fevereiro 2020). No primeiro mês do ano, a população empregada atingiu um total de 4 687 200 pessoas, inferior ao registado em fevereiro 2020 em cerca de 151 400 pessoas.

O agravamento das consequências provocadas pela pandemia, o lento processo de vacinação e as incertezas das empresas quanto ao futuro são as principais causas apontadas para este aumento. O mesmo estudo refere que as medidas de apoio ao emprego estão a ser um suporte crucial para o mercado de trabalho, mas prevê que o término das mesmas poderá resultar numa taxa de desemprego de 9,1% no final de 2021, podendo este cenário ser atenuado com o prolongamento e reforço das medidas de apoio ao emprego e economia, entretanto anunciados pelo Governo português.