Indiferentes a tudo, Israel, os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, continuam a vacinar os seus habitantes.
Seja a Pfizer, seja a Moderna, seja a Johnson seja a AstraZeneca, de acordo com cada situação, persistem num gigantesco esforço para tentar obviar maiores males. Quem vacinam eles primeiro? Os cidadãos de idade mais avançada.
Porquê? Porque são os que têm taxas de mortalidade mais elevadas e porque provocam taxas de ocupação de recursos hospitalares mais significativas. É fácil de ver. Nas estatísticas pátrias os maiores de oitenta destacam-se e, logo a seguir, se seguem os maiores de setenta.
Na sábia orientação da diretora-geral de Saúde, era o método mais fácil. Convinha ser mais exigente. E somos. Ora, no estado atual da arte, a vacina é a única defesa, o confinamento um paliativo. Portanto, enredamo-nos em exceções de exceções, adiamos o essencial, fazemos flexões ginásticas. Pela Europa fora, a vacina de Oxford tem tido uma história peregrina. A saber: tinha cometido um erro e não havia sido devidamente testada. Uma dose ou duas doses? Qual a melhor solução? Era contraindicada para os maiores de 65 anos, ou não? Tem efeitos secundários perversos? Causa a morte de alguns? De quantos e quais? Uma por uma, as questões têm sido ultrapassadas.
Os reguladores têm concedido crédito. Chegámos ao momento mais crítico. Os ingleses continuam a apostar nessa vacina, os outros europeus continentais são tomados de uma espécie de temor paralisante. Em Portugal suspende-se também. Que não, que não é elemento essencial da abertura das escolas a vacinação dos professores especialmente visados pela aplicação desta vacina, diz o senhor ministro. Vamos aguardar, portanto.
O milagroso retângulo e o x vadio, se se portarem bem, farão o mesmo. Vão difíceis os tempos. Nesta precisa circunstância, indiciam-se novos ventos na política. Vacinas e partidos, a mesma luta. O PAN, aquele partido animalista que, como o sapo, inchou, inchou, inchou, até uma dimensão insuspeitada, emagrece.
Como muitos outros partidos que se estrearam no sistema político português teve um momento de glória. Perdeu sentido e sítio. Tentou falar do que não sabia e foi-se esvaziando. Qualquer dia não há cão nem gato que nele vote. Foi, porventura, determinante para a rarefação do equilíbrio, perdeu a independência apoiando o Partido Socialista. Já perdeu utilidade.
Inteligentemente, o seu líder abandona-o por vocação paternal encontrada. O Bloco fraqueja, perde relevância, não ganha causas. O PCP substitui militantes por bandeiras. O CDS é uma sombra. O IL perde-se no candidato que era para ser e já não é. O PSD faz da obstinação do seu líder a marca da afirmação. Não muda, não torce, não verga. É ele e os seus e afasta os demais. Faz bem. Se tiver vitórias só a ele pertencem, se receber derrotas são dos outros todos.
Sobram o Partido Socialista e o Chega. Um continua o exercício do equilíbrio à espera da segunda dose da vacina, qualquer que ela seja. O outro saboreia o momento da confluência, nele, de todos quantos estão descontentes por alguma coisa, querem mudar o sistema seja ele o que for e buscam a força nos ataques recebidos. Francamente, só a Oprah consegue inventar um interesse maior.