Os bancos portugueses tinham 45,7 mil milhões de euros de crédito em moratória no final do mês de janeiro. Os dados foram divulgados esta quarta-feira, pelo Banco de Portugal (BdP), que vai passar a revelar todos os meses dados estatísticos sobre as moratórias.
“Os dados hoje publicados indicam que no final de janeiro de 2021, 54 mil sociedades não financeiras tinham empréstimos em moratória, no montante global de 24 mil milhões de euros (33,2% do total de empréstimos obtidos pelas sociedades não financeiras junto de instituições financeiras)”, revela a entidade liderada por Mário Centeno.
Segundo o banco central, são as empresas de alojamento e restauração que mais se destacam, com 57% do montante dos seus empréstimos abrangidos por esta medida. “Nos setores mais vulneráveis […] 8,4 mil milhões de euros estavam em suspensão de pagamento, o que representava 34,4% do total de empréstimos das sociedades não financeiras em moratória”.
Ainda de acordo com os dados divulgados, 16,1% dos empréstimos a particulares em moratória, no montante global de 20 mil milhões de euros, 86% dos quais correspondiam a empréstimos para habitação. “Uma análise do número de devedores mostra que 8,8% dos particulares tinha, pelo menos, um contrato abrangido por moratória”.
Já o montante de empréstimos à habitação sob moratória privada era de 3,7 mil milhões de euros.
Os dados revelam ainda que o maior aumento na adesão às moratórias foi registado logo a seguir à introdução desta medida, ou seja, em abril do ano passado. Já o montante máximo de 48,1 mil milhões de euros foi atingido em setembro do ano passado. “Desde então, manteve-se uma tendência decrescente, para a qual contribui o término de algumas moratórias privadas”.
O Banco de Portugal diz que os 45,7 mil milhões de euros em empréstimos abrangidos por moratórias em janeiro representam menos 500 milhões de euros que em dezembro. A redução “foi transversal à generalidade dos setores e finalidades, com exceção dos empréstimos concedidos a particulares para habitação e dos empréstimos às sociedades não financeiras do setor do alojamento e restauração, em que se registaram aumentos no recurso às moratórias de 71 e 38 milhões de euros, respetivamente”.
A nota refere ainda que “durante o mês de janeiro registou-se um aumento de 0,5 mil milhões de euros de novos empréstimos em moratória enquanto 0,9 mil milhões de euros deixaram de estar abrangidos por este regime”.