O volume de vendas no setor do retalho (alimentar e especializado) registou uma quebra de 1,5% em 2020 face ao ano anterior, atingindo um volume de vendas de 22,653 milhões de euros, revelou esta terça-feira o Barómetro de Vendas de 2020 da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED).
Em comunicado, a APED explica que num “ano fortemente condicionado pelas restrições impostas devido à pandemia de covid-19”, a área mais penalizada foi a do retalho especializado que registou uma variação global de -17,7% no volume de vendas, “que foi ainda mais negativa em mercados específicos, como o caso do vestuário, com quebras de -32,5%”.
Em sentido contrário, o retalho alimentar apresentou um crescimento de 8,1% do volume de vendas no ano de 2020 face ao ano transato.
Neste segmento, o produto que contou com o maior crescimento foi a área dos congelados, a registar um aumento de 17,6% das vendas, “que seguramente é explicado pelas contingências trazidas pela pandemia”.
A APED destaca ainda o crescimento da área de bazar ligeiro, com um aumento de 16,6% das vendas, da área mercearia, com 11,6%, e perecíveis, com 11,5%.
Ainda em relação ao ano passado, a quota de mercado de marca própria no retalho alimentar foi de 35,1%, um aumento de 1,4 pontos percentuais face ao registado em 2019.
No caso do retalho especializado, a APED avança que o volume de vendas foi de 7,032 milhões de euros em 2020, com o mercado de Informática a ser o segmento que mais cresceu, com um aumento de 23,1%. A maior procura foi registada em produtos como computadores portáteis (+31,1%) e tablets (+25,5%).
Outro mercado em evidência no retalho especializado foi o segmento pequenos eletrodomésticos, com 20,2%. Aqui, destaque para o crescimento de produtos como aspiradores (+29,4%), preparação de alimentos (+24,7) e máquinas de bebidas (23,9%).
Por outro lado, a registar quebras, está a venda de smartphones, com uma variação negativa de -6,5% face a 2019, livros, com -16,6%, e consolas, com -3,8%. Neste retalho, o mercado que registou a maior quebra foi o do vestuário, com uma variação de -32,5% do volume de vendas.
A pandemia trouxe outra força ao e-commerce e os dados da APED comprovam este crescimento: o peso do e-commerce no total das vendas do retalho alimentar foi de 3% e no retalho especializado foi de 14,9%.
Para Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da APED, os números de 2020 mostram um “setor resiliente, mas onde inevitavelmente a desaceleração económica do país se fez sentir de forma intensa. Se por um lado o Alimentar aumentou as suas vendas e cumpriu a sua missão de “alimentar Portugal”, por outro o Especializado, apesar da sua capacidade de adaptação aos canais digitais, foi muito fustigado pelas medidas tomadas pelo Governo para conter a pandemia, algumas delas que, do nosso ponto de vista, não tiveram o correto equilíbrio entre economia e saúde pública”.