por Álvaro Covões
É absolutamente inaceitável que a Comissão Europeia não tenha assegurado o fornecimento de vacinas de acordo com o negociado e anunciado.
Nunca imaginámos a velha Europa a perder terreno para os Estados Unidos, China, Reino Unido e Israel.
Os políticos das democracias europeias ainda não perceberam que, na gestão dos países, devem descentralizar para os setores da sociedade que são especialistas em cada matéria.
Há mais vida para além da política.
O combate à pandemia, a aquisição e distribuição das vacinas, a gestão da vacinação, devia ter sido atribuída às forças armadas. A Europa tem de, urgentemente, criar um Comando militar que agregue as forças dos países membros e possa, em tempo de paz, contribuir para o sucesso da Europa e afirmação como espaço económico determinante no mundo.
Em Portugal, assistimos à vacinação de grupos de influência, que um a um ultrapassam os grupos de risco, que continuam em risco de vida quando infetados.
Alguns membros do governo foram vacinados esta semana e não se conhece que façam parte de grupo de risco.
A Ministra da Justiça, interferindo involuntariamente, veio a público referir que dificilmente seriam consideradas fraudes as vacinações indevidas. Ou seja, já nos estão a anunciar que nada se vai apurar.
Os professores vão ser vacinados e os grupos de risco, essenciais para um desconfinamento assertivo, continuam a passo de caracol à espera da miraculosa vacina. Os farmacêuticos idem. E, mais uma vez, os mais indefesos pacientemente à espera.
Impressionante as imagens de alguns locais de vacinação, com filas de pessoas de terceira idade, sem assistirmos a ninguém a gerir e/ou acompanhar as filas, a garantir o distanciamento seguro e a apoiar a própria resistência física dos cidadãos. Os mais velhos mereciam mais respeito e carinho. Peçam aos escuteiros, já que os funcionários públicos estão demasiadamente ocupados para poderem ser destacados para apoio humanitário nos centros de vacinação.
Um especial destaque para o Vice-Almirante Gouveia de Melo, que recusou ser vacinado enquanto todos os portugueses não o forem. Um verdadeiro exemplo de cidadania.
Esta semana falei com vários americanos e ingleses e todos já tinham tomado pelo menos uma dose de uma vacina. Estranho viver tempos em que nos sentimos cidadãos de segunda, curiosamente no mundo desenhado pelos europeus.
No fim tudo vai acabar bem, apesar de muitos terem partido mais cedo.
Há cada vez mais estrelas no céu.