Mais de 40 crianças mortas pelos militares no Myanmar

O número de feridos ainda é desconhecido, mas inclui um bebé de um ano atingido num olho com uma bala de borracha. Os militares apostam em aumentar a repressão. 

Desde o golpe militar no Myanmar, que derrubou o Governo democraticamente eleito de Aung San Suu Kyi, há dois meses, "as crianças têm assistido a violência e horror", sem que elas mesmas passem incólumes, alertou Save the Children. Pelo menos 43 crianças birmanesas já foram abatidas pelos militares, em manifestações ou rusgas a casas de opositores políticos, denunciou a organização não-governamental, num comunicado divulgado esta quinta-feira. "É claro que o Myanmar já não é um lugar seguro para as crianças"

As tentativas dos militares birmaneses, conhecidos por Tatmadaw, para suprimir protestos, recorrendo frequentemente às mais brutais táticas e mesmo ao fogo real contra manifestantes, só parecem estar a deixar a população – mais de 80% da qual votou na Liga Nacional para a Democracia, de Suu Kyi, nas eleições de novembro – ainda mais furiosa. Face a isto, a reação dos militares parece ser de intensificar ainda mais a repressão, resultando nos massacres do sábado passado, o mais violento até agora, quando mais de uma centena de pessoas foram mortas. O total vai em mais de 500, segundo Assistance Association for Political Prisoners, uma ONG birmanesa.

"O número de crianças que foram feridas fisicamente como resultado da violência pós-golpe é desconhecida, mas provavelmente é significativo. Entre os feridos está um bebé de um ano que foi baleado num olho com uma bala de borracha", salientou a Save The Children, que ainda há umas semanas fez manchetes ao denunciar a decapitação de crianças por jiadistas em Cabo Delgado.