Por Álvaro Covões
Com os sábios de hoje, Portugal nunca teria avançado para as Descobertas. O perigo de contacto com novos vírus e novas doenças, seriam o conselho dos sábios ao Rei para não autorizar a partida das caravelas.
E assim o mundo seria muito diferente deste que vivemos.
Se eu fosse escritor de ficção, escolheria este tema para um best-seller, o mundo no século XXI sem os Descobrimentos portugueses.
Mas, pelo contrário, apesar de todos os perigos, decidimos largar ferro e iniciamos a primeira globalização do planeta, e hoje o mundo é global e isso é o que vai permitir, apesar deste primeiro desencontro, que as vacinas covid cheguem a todos.
Não vai ser um processo fácil, mas é inevitável e imperativo.
Passados cinco séculos, os sábios portugueses de hoje são mais cautelosos e, mesmo pondo em risco a economia e a sanidade mental de todo um povo, mantém-se irredutíveis a um desconfinamento equilibrado entre a saúde pública e a economia. Não correm riscos, e assim garantem o seu estatuto de sábios porque…. nunca erram.
Assim, todos somos sábios. É fácil, basta fechar tudo.
Mas a vida não é assim e felizmente o povo tem alma.
Todos sabemos que temos de cumprir as regras para conter a pandemia.
Sabemos que enquanto não protegermos as populações de risco, ninguém pode correr mais riscos.
Mas abril, mês de águas mil, espera-se que seja o mês de todas as vacinas e assim poderemos dar o tão almejado salto na vacinação, diminuindo ainda mais o número de casos graves e aproximando-nos da imunidade de grupo.
Esta semana foi seguramente o último grande sacrifício que nos pediram e por isso tivemos de o cumprir irrepreensivelmente, para depois podermos reclamar que nos devolvam a nossa liberdade.
Seria também de bom tom os partidos, autarcas e membros do governo, que suspendessem as televisivas atividades políticas, exceção única às limitações da liberdade.
Se nos pedem que não reunamos as famílias na Páscoa, que os políticos também não reúnam em grupo e com jornalistas empoleirados em cima uns dos outros a tentarem a declaração ou a imagem do momento.
Vamos ver se são, afinal, os portugueses quem se porta mal.
Nós queremos dançar com os amigos, abraçar, sair para a rua sem receios, ir a restaurantes, a lojas, ir a concertos e ao teatro, viajar, ir à praia sem restrições, respirar livremente.
A Liberdade é para todos e não só para alguns.