Depois de quatro dias consecutivos de violentos protestos e confrontos entre unionistas e republicanos na Irlanda do Norte, diversos políticos e líderes da Polícia apelaram à calma dos manifestantes, especialmente aos que têm idades compreendidas entre os 12 e 18 anos, depois de, na quarta-feira, terem sequestrado e incendiado um autocarro, assim como provocado incêndios em bombas de gasolina.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, apelou à calma dos manifestantes nas redes socais, acrescentando que está muito preocupado com o cenário de violência. “A maneira de resolver as divergências é através do diálogo, não da violência ou da criminalidade”, disse Johnson.
Políticos irlandeses de ambos os lados do conflito classificaram “a destruição, a violência e as ameaças” como “completamente inaceitáveis e injustificáveis, independentemente das preocupações que existam nas comunidades”. “Apesar das nossas posições políticas muito diferentes em vários temas, estamos unidos no apoio à lei e à ordem”, afirmou o Governo autónomo norte-irlandês, constituído por unionistas, republicanos e centristas.
Os protestos começaram no passado fim de semana e já deixaram pelo menos 55 polícias feridos, avança a Associated Press.
Esta violência aumentou devido a tensões crescentes sobre as regras comerciais pós-Brexit para a Irlanda do Norte e piorou as relações entre os partidos no Governo de Belfast, compartilhado entre republicanos e unionistas – os primeiros defendem a unificação com a República da Irlanda e os segundos pretendem manter a ligação ao Reino Unido.
O acordo comercial impôs controlos aduaneiros e fronteiriços a algumas mercadorias que circulam entre a Irlanda do Norte e o resto do Reino Unido. E foi elaborado para evitar controlos entre a Irlanda do Norte e a Irlanda (Estado-membro da UE), uma vez que uma fronteira irlandesa aberta ajudou a sustentar o processo de paz construído pelo Acordo de Sexta-Feira Santa em 1998, que terminou na altura com três décadas de violência.
Mas os unionistas argumentam que estes novos controlos equivalem a uma nova fronteira no mar da Irlanda, entre a Irlanda do Norte e o resto do Reino Unido, defendendo o abandono do acordo.