Opinião. Histórico: Angola vai abrir secção diplomática em Israel na capital Yerushalayim

As relações entre Angola e Israel nunca foram tão boas.

Israel, quer do ponto de vista económico, quer do ponto de vista político, quer do ponto de vista emocional, afigura-se como um dos melhores, mais fiáveis e sempre presentes, aliados da grande nação angolana.

Israel reconhece, primeiro, a nobreza da pretensão de Angola se auto-governar, de reger o seu destino atendendo à sua própria história, à beleza da sua geografia, à capacidade de sonhar do seu povo e da vontade de construir o seu futuro livremente – e revê-se nas complexidades sucessivas, nos obstáculos que há sempre que derrubar da construção, em tempo recorde, de uma estrutura político-estadual que permita acelerar o tempo da história: o processo de construção de uma realidade política estadual, suscetível de comungar dos elementos prototípicos do Estado, designadamente do seu poder político – é a empreitada jurídico-política, social e cultural mais hercúlea da condição do homem feito zoon politikon.

Como já assinalámos, Angola logrou ganhos significativos em tão curto espaço de tempo (histórico) para nosso louvor e contentamento – tal como Israel teve de o fazer, com adversários letais dentro e fora das suas fronteiras físicas, acelerando o tempo da sua circunstância história, utilizando as leis da política para desafiar (ultrapassando), aqui e ali, as próprias leis da física.

Donde: Israel e Angola partilham de um sentimento comum de apego à relevância da comunidade política estadual, à auto-determinação, a ter sempre uma confiança desconfiada perante os interesses de ocasião, as grandes proclamações de retórica que depois se quedam em nada de substancial realmente executado, às juras de amor que se transformam rapidamente em manifestações concretas de ódio.

Pois bem, mesmo no contexto adverso que vivemos, Israel foi um exemplo e uma inspiração para o mundo no que concerne à luta contra a pandemia.

 E não esquecerá os amigos genuínos, como é o caso de Angola: Israel irá incrementar o seu investimento económico – produtor de riqueza e de emprego – em Angola, com destaque para os sectores agro-alimentar, de aproveitamento de recursos hídricos, de energia e financeiro.

 Já para não esquecer o sector da segurança em que Israel se comprometeu a apoiar Angola nos esforços de modernização das suas forças armadas (sem beliscar o acordo que Angola celebrou com a Rússia, reiterado pelo Presidente João Lourenço e representante de Presidente Putin no Dubai), bem como no treino de operacionais das forças de segurança. A amizade entre Angola e Israel é, destarte, inquebrantável – e será, nos próximos tempos, mais intensa do que nunca.

Como sinal da gratidão do povo angolano para com Israel e o povo Judeu, e como reconhecimento da mais elementar justiça, o Presidente João Lourenço irá anunciar, em breve, a abertura de uma secção diplomática comercial na capital eterna de Yisrael, Yerushalayim.

Será um avanço muito significativo e prova a inevitabilidade do reconhecimento de Yerushalayim como a capital Eterna do Estado do Povo Judaico: já não é uma questão de saber se todos os Estados (ou, pelo menos, uma maioria significativa) que integram a comunidade internacional irão colocar-se ao lado dos factos (e não das realidades alternativas), ao lado da justiça e do Direito Internacional, juntando-se a importantes países árabes, a alguns países europeus, a países da América latina e à nação líder do mundo livre, os EUA, providenciando no sentido do reconhecimento de Jerusalém como a capital de Israel – mas já tão só o de saber quando é que esse reconhecimento será efetuado.

E aqui a Lusofonia tem dado um exemplo ao mundo.

O Brasil anunciará, em breve, decorrendo presentemente o processo burocrático-diplomático para o efeito, a transferência da Embaixada do país em Israel para Jerusalém, a eterna capital de Israel.

Angola abrirá, muito em breve, uma secção diplomática comercial em Jerusalém, aguardando que o Presidente Biden prossiga – muito inteligentemente – o essencial da política externa, neste particular, do Presidente Trump. Este é o primeiro passo para o reconhecimento por parte do nosso querido país também irmão, Angola, de Yerushalayim como capital eterna de Israel.

Duas potências do mundo lusófono, que dão vida e força à CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa), estão na vanguarda do reconhecimento de Yerusahalayim como capital de Israel.

Como lusófono, é um enorme orgulho! 

Como português, é uma tristeza, porque Portugal, ao invés, de Angola e do Brasil, não só não segue o exemplo destas duas potências lusófonas, como expressamente se manifesta contrário às decisões (justas e acertadas) de dois dos seus aliados e amigos estratégicos em termos de política externa.

Já para não evocar aqui que Portugal foi o centro do Acordo de Shalom celebrado entre Israel e Marrocos, com a mediação do Presidente Trump (com destaque para o trabalho notável do Secretário Pompeo e de Jared Kushner).

Não podemos ignorar que o Ministro Augusto Santos Silva, em Jerusalém, no final do ano transato, afirmou taxativamente que Portugal se recusava a seguir o exemplo dos EUA; que ter uma embaixada em Jerusalém nunca iria acontecer. Parece, mais uma vez, que Augusto Santos Silva foi ultrapassado pelos acontecimentos…

Este é o problema de Santos Silva – ele demora muito tempo a perceber o óbvio; ora, isso em política diplomática é fatal. Fatal para o país!

Portugal terá que efetuar uma escolha: ou seguir o exemplo das duas potências da lusofonia e iniciar processo de reconhecimento de Yerushalayim como a eterna capital de Israel; ou ficar, mais uma vez, no banco de trás, na última fila, irrelevante, assistindo à evolução histórica. A segunda opção seria fatal: significaria que já nem na CPLP, Portugal consegue assumir uma postura de liderança e de exemplo…

Oxalá Augusto Santos Silva saiba tomar a decisão certa.