Quase metade dos novos casos de covid-19 abaixo dos 40 anos

Jovens representam a maioria dos novos casos mas diagnósticos também subiram nos mais velhos, exceto acima dos 80. Peritos fazem ponto de situação esta quarta-feira no Infarmed.

Na última semana os novos casos de covid-19 reportados à Direção Geral da Saúde aumentaram em todas as faixas etárias, com as maiores subidas nos mais jovens e na faixa etária dos 50 anos. Quase metade dos casos (4%) registaram-se abaixo dos 40 anos de idade, com a população mais jovem a representar assim a maioria dos diagnósticos no país. Nos extremos a subida foi menor, tanto nas crianças com menos de 10 anos como nos maiores de 80.

São indicações que é possível obter a partir da análise dos boletins da Direção Geral da Saúde. O balanço dos últimos sete dias mostra uma subida de 53% nos casos reportados do país, num total de 4271 novos casos contra 2778 na semana anterior. Ainda assim, é preciso ter em conta que a última semana arrancou com o reporte de cerca de 600 casos relativos ao fim de semana prolongado da Páscoa, o que afeta de forma significativa a análise da primeira semana da segunda etapa do desconfinamento. Subtraindo esses casos que dizem à partida respeito à semana anterior, mantém-se a tendência de aumento mas não tão acentuada. Transitando os 599 casos atrasados reportados na segunda-feira da semana passada à DGS para o balanço da semana anterior, a subida é de cerca de 9%. Confirma-se no entanto a tendência de aumento de casos no país, agora transversal a todas as regiões. Esta terça-feira os especialistas reúnem-se no Infarmed para o ponto de situação epidemiológico, com a análise nacional, regional e por concelho. O Governo decide na quinta-feira que concelhos avançam para a terceira etapa de desconfinamento e em que outros são alteradas as regras ou mesmo apertadas. Não há dados públicos que permitam perceber que concelhos ao certo serão abrangidos, já que os dados por município divulgados pela DGS, que mostram que subiram de 26 para 29 os concelhos acima de 120 casos por 100 mil habitantes, dizem respeito ao que era a situação do país na terça-feira da semana passada e o Governo vai ter em mãos dados desta semana na hora de decidir.

Algarve em risco

Ainda assim, há uma região que ultrapassa duas das linhas vermelhas definidas pelo Governo. O Algarve está com um RT de 1,06 e uma incidência que passa os 120 casos por 100 mil habitantes, tendo a pior situação epidemiológica a nível nacional. A nível nacional, o RT, calculado pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, atingiu os 1,04, dizendo respeito, ao que o i apurou, à média de cinco dias até 7 de abril. Os cálculos são feitos sempre com algum desfasamento tanto pelo Instituto Ricardo Jorge como pela DGS por forma a corrigir atrasos nas notificações e contabilizar na data certa casos que possam ser reportados pelos laboratórios com atraso face ao dia em que foi efetivamente feito o diagnóstico. Assim, os dados publicados no boletim nunca representam a situação daquele dia. E tudo indica que o RT a esta altura já será mais elevado.

Com estas ressalvas e sem ser possível saber ao certo de que ordem foi o aumento de casos em cada faixa etária na última semana com base nos dados disponibilizados pelos organismos oficiais, dado que o reporte de 599 casos atrasados não foi dividido por região e idades, percebe-se que é na população em idade ativa que surgem mais novos casos, incluindo nas faixas etárias mais novas que só na próxima semana vão desconfinar com a abertura das escolas secundárias e faculdades e onde os diagnósticos já subiram nos últimos dias. Se os idosos com mais de 80 costumavam andar a par dos mais novos, a incidência parece estar a ser menor nesta etapa. Nos últimos sete dias foram reportados 331 casos de crianças até aos 9 anos, 296 dos 10 aos 19, 682 dos 20 aos 29, 707 dos 30 aos 39, 625 dos 40 aos 49, 654 dos 50 aos 59, 480 dos 60 aos 69, 252 dos 70 aos 79 e 235 casos em maiores de 80. De notar que apesar de na semana passada o reporte de novos casos ter subido 14% nos maiores de 80 (sem escalpelizar os casos que seriam na realidade da semana anterior), acima dos 70 a subida foi de 43%, o segundo grupo etário em maior risco de complicações e em que a cobertura vacinal começa só agora a descolar. No espaço de sete dias, foram reportados mais 76 casos nesta faixa etária. No desconfinamento do ano passado, a população em idade ativa também registou o maior de casos, mas gradualmente forma também sendo mais afetados os mais velhos. Esta segunda-feira o Ministério da Educação revelou que na operação que teve lugar nas escolas na semana passada, em 110 mil testes, foram detetados 125 casos positivos. A semana ficou marcada por uma subida significativa do número de testes feitos no país, que baterem o recorde da primeira semana do desconfinamento em março. No fim de semana caíram de novo, mas durante a semana chegou a haver dois dias com quase 35 mil testes rápidos feitos no país, a maioria em escolas.