A decisão instrutória da Operação Marquês desencadeou um conjunto de iniciativas de cidadãos contra o ex-primeiro-ministro José Sócrates. A mais recente é um apelo, que circula nas redes sociais, para um boicote à entrevista do ex-primeiro-ministro.
Um apelo, partilhado nas redes sociais, lança um desafio para que, à hora da entrevista, que vai ter lugar hoje no Jornal das 8, da TVI, todos desliguem a televisão. “Faz-te ouvir, batendo panelas, tocando buzinas, assobiando alto na tua varanda”, lê-se, na mensagem partilhada nas redes sociais. Esta é a primeira entrevista que José Sócrates vai dar depois da decisão do juiz Ivo Rosa.
O caso voltou à ribalta com a decisão do juiz Ivo Rosa e têm surgido várias iniciativas populares a contestar o andamento do processo. Uma petição a pedir o afastamento de Ivo Rosa da magistratura reuniu quase 190 mil assinaturas em menos de uma semana.
A petição, endereçada ao presidente da Assembleia da República, à provedora de Justiça e ao presidente do Supremo Tribunal de Justiça, argumenta que “não tem, perfil, rigor e equidade para exercer tal cargo”. O buzinão contra a corrupção foi outras das iniciativas populares. Em Lisboa e Viseu, no último domingo, foi organizada através das redes sociais e juntou dezenas de cidadãos que mostraram o descontentamento com a Justiça.
Sócrates volta à ribalta José Sócrates aproveitou a decisão do juiz Ivo Rosa para voltar à ribalta. O ex-primeiro-ministro está a preparar o lançamento de um novo livro sobre o processo com críticas à atuação do Ministério Público, mas também à direção do PS por não o ter apoiado. “A injustiça que agora a direção do PS comete comigo, juntando-se à direita política na tentativa de criminalizar uma governação, ultrapassa os limites do que é aceitável no convívio pessoal e político”, escreve.
Ao mesmo tempo, Sócrates escreveu escreveu esta semana dois artigos em jornais sobre o processo para alimentar a tese de que está a ser vítima de uma cabala. Num artigo publicado no jornal brasileiro Folha de São Paulo, o ex-primeiro-ministro afirma que “o sistema judicial português foi manipulado para perseguir um adversário político” e impedir a sua candidatura à Presidência da República. Uma tese que José Sócrates alimenta praticamente desde o início do processo. “Quiseram impedir-me de ser candidato a Presidente da República e de ter uma voz pública”, afirmou, em 2016.
Na sexta-feira, após a leitura da sentença, José Sócrates considerou que “todas as grandes mentiras da acusação caíram. Tudo isso ruiu”. O ex-primeiro-ministro voltou a defender que “a acusação tem uma motivação política, sempre teve uma motivação política”.