O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, falou ao país, esta quarta-feira, depois de o Parlamento aprovar a renovação do estado de emergência até 30 de abril.
O chefe de Estado começou por elogiar o comportamento dos portugueses ao longo dos últimos meses e reiterou que deseja que este seja o último estado de emergência.
"No dia 6 de novembro de 2020 decretei o segundo e mais longo estado de emergência que conhece aquela que deveria ser a sua última renovação, até 30 de abril. O período mais difícil foi o que se seguiu ao confinamento geral no dia 15 janeiro, com quase três meses de confinamento geral mais intenso, até porque os números atingidos chegaram a colocar-nos na pior situação da Europa", disse.
"Importa lembrar agora o óbvio. Primeiro, quando chamados ao heroísmo dos grandes desafios, como os da vida e da saúde, os portugueses respondem sempre com coragem e solidariedade. Segundo, quando a economia e a sociedade sofrem como sofreram e continuam a sofrer os portugueses encontram caminhos muito difíceis, mas notáveis de sobrevivência e de mudança de vida. Terceiro, quando problemas de fornecimento e de produção de vacinas parecem, para alguns, barreiras intransponíveis, a verdade é que cada vez mais vulneráveis estão já protegidos e isso também ajuda a explicar a redução e depois a estabilização dos internamentos, dos cuidados intensivos, e das mortes a que assistimos nas últimas semanas, mesmo com o R(t) a subir com a maior mobilidade social", sublinhou.
O Presidente considera que o desconfinamento deve seguir "o seu curso de forma gradual e sensata" e pediu aos portugueses "mais um esforço" para que o estado de emergência caminhe para o fim, tendo em conta que "o caminho que se segue ainda vai ser muito trabalhoso".
“Quando o desconfinamento cria a sensação de alívio definitivo, o caminho que se segue ainda vai ser muito trabalhoso. Vai dar trabalho na pandemia, nas áreas em situação mais crítica, mas também na prudência exigida em todo o território para evitar a subida dos números decisivos, principalmente os da pressão nas estruturas da saúde. Depois, vai dar trabalho na economia”, afirmou.
Para o chefe de Estado este é o "começo da ponta final do período mais difícil da vida coletiva desde a Gripe Espanhola, com mais mortes do que a Grande Guerra ou as lutas africanas de há sessenta anos".
"É altura de pensarmos mais no futuro, com o orgulho legítimo de termos estado e estarmos à altura, como povo, dos grandes desafios" impostos ao país "e de termos estado, e continuarmos a estar, à altura de Portugal", vincou Marcelo, que admitiu "confinamentos locais" para garantir um verão e outono diferentes.