O ministro Pedro Nuno Santos garantiu, ontem, que a equipa que vai liderar os destinos da TAP vai ser divulgada “nos próximos dias” ou, o mais tardar, “nas próximas semanas”. Em declarações aos jornalistas – à margem de uma visita às obras de construção da ligação do parque empresarial de Formariz à A3, em Paredes de Coura, Viana do Castelo – o governante escusou-se a adiantar nomes, apenas assegurando que, neste momento, o Governo está “a fazer o seu trabalho”. “Quando tivermos a equipa concluída, será conhecida”, acrescentou.
Recorde-se que o semanário Nascer do SOL divulgou na sua edição desta semana que Miguel Frasquilho, atual presidente do conselho de administração da TAP, se perfila para ser reconduzido no cargo. E não deve ser caso isolado: também Ramiro Sequeira, até aqui CEO interino da companhia área – depois da saída de Antonoaldo Neves –, deve permanecer em funções, e será acompanhado por Alexandra Reis – contratada pelo Grupo Barraqueiro de Humberto Pedrosa para as compras da TAP – e Arik De, nos últimos anos responsável pelo departamento de redes e controlo de receita da companhia (este último escolhido e contratado pela anterior administração liderada por David Neeleman).
Além destes elemento há ainda uma vaga por preencher, indicada pelo Ministério da Defesa.
A opção do Governo parece, no entanto, longe de ser pacífica, uma vez que esta nova administração, mesmo antes de ser formalmente anunciada, já está a ser criticada por quem defende que esta lista deveria ser composta por especialistas internacionais na área de aviação liderada por um presidente executivo (CEO) com referências internacionais.
Aliás, essa tinha sido uma das ideias defendidas pelo ministro Pedro Nuno Santos assim que o Estado português voltou a ficar na posse da maioria do capital social da TAP – neste momento o Estado tem 72,5% da companhia, o privado Humberto Pedrosa 22,5% e os restantes 5% estão divididos por pequenos acionistas. O ministro que tutela a pasta das infraestruturas e dos transportes chegou mesmo a contratar uma consultora de recursos humanos para fazer a avaliação – foi assim que o alemão Albrecht Binderberger emergiu de uma lista restrita de nomes identificados pela norte-americana Korn Ferry.
O gestor alemão, com uma carreira de mais de 40 anos na indústria de aviação – tendo estado à frente dos destinos da Saudi Arabian Airlines (Saudia) até ao início de 2020 –, terá ficado pelo caminho. Não só pela remuneração salarial mensal, como também pelo facto de lhe ter sido negada pelos acionista maioritário a possibilidade de escolher a sua própria equipa. O facto de o plano de reestruturação ainda não ter sido aprovado em Bruxelas – adiando desta forma o processo – terá também contribuído para a desistência.