Após três semanas, Navalny põe fim à greve de fome

A decisão de terminar a greve de fome surgiu após vários médicos pedirem a Navalny que parasse “imediatamente” com o protesto.

Navalny colocou, esta sexta-feira, fim à sua greve de fome. O protesto durava há três semanas, e começou após as autoridades onde o opositor russo está preso terem ignorado o seu pedido para ser examinado, por um médico independente, a "uma aguda dor nas costas".

"Não retiro a exigência de ver o médico que é necessário, perdi a sensibilidade em partes das mãos e das pernas (…). Atendendo a esta evolução e a estas circunstâncias, começo a pôr termo à minha greve de fome", escreveu Navalny em mensagem publicada na sua conta Instagram. "Graças ao forte apoio de pessoas boas em todo o país e no mundo, obtivemos grandes progressos", afirma, realçando que teve acesso a médicos indepentendes. 

A decisão de terminar a greve de fome surgiu após vários médicos pedirem a Navalny que parasse “imediatamente” com o protesto.

"Enquanto médicos assistentes, apelamos a Alexei Navalny e pedimos-lhe que acabe imediatamente com a greve de fome para preservar a sua vida e a sua saúde", indicaram cinco médicos, incluindo Anastassia Vassilieva, a médica particular do opositor, numa carta publicada por órgãos de comunicação associados à oposição do Kremlin.

"Continuar a jejuar pode prejudicar significativamente a saúde de Alexei Navalny e pode levar ao resultado mais triste: a morte", acrescentam.

O opositor do regime de Vladimir Putin foi detido a 17 de janeiro e condenado a dois anos e oito meses de prisão cerca de duas semanas depois. Em causa está o facto de ter violado os termos de uma pena suspensa a que foi sentenciado em 2014. 

O político estava a cumprir a pena em liberdade condicional após ter sido acusado de fraude – uma acusação que diz ter sido fabricada –, quando foi envenenado com um agente neurotóxico do tipo Novitchok, em agosto de 2020. Após aquela que considera ser uma tentativa de assassinato por parte do Kremlin, o opositor de 44 anos foi transferido, a pedido da mulher, da Sibéria para a Alemanha para recuperar. Foi detido ao voltar para a Rússia.

Desde a sua detenção, milhares de pessoas têm-se manifestado em dezenas de cidades russas. Só na quarta-feira, mais de 1.400 pessoas foram detidas em manifestações a favor da sua libertação.