O major-general Carlos Chaves lança duras críticas aos militares na reserva que se insurgiram contra a reforma das Forças Armadas desenhada pelo Governo. «O nosso papel, o dos reformados, deve ser ajudar a construir e não a destruir», diz ao Nascer do SOL Carlos Chaves, depois dos ataques do Grupo de Reflexão Estratégica Independente (GREI) à reforma que dá mais poderes ao chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA).
O major-general Carlos Chaves, que presidiu à comissão de acompanhamento da reforma ‘Defesa 2020’, no Governo liderado por Passos Coelho, coloca mesmo em causa a existência do GREI que classifica como «um abcesso antidemocrático que muito perturba o normal funcionamento das instituições democráticas».
Carlos Chaves lembra que este grupo de oficiais generais na reserva contestou todas as reformas e defende que em democracia não há lugar para este género de estruturas. «Se querem intervir inscrevam-se nos partidos das suas simpatias. Será que querem construir um partido politico de militares? Será que vamos ter de volta o PRD de Eanes, mas desta vez ainda com mais ‘fardados’?», questiona.
Os antigos chefes militares estão a ser recebidos pelos partidos para discutir as alterações no topo hierarquia militar e contestam a concentração de poderes no CEMGFA.
O general Pinto Ramalho, ex-chefe do Estado-Maior do Exército (CEME) e presidente da assembleia geral do GREI, defendeu, em declarações à Lusa, que se trata de «uma desvalorização da posição dos ramos» e «centralizar no CEMGFA tudo aquilo que é a relação com a tutela política».
Carlos Chaves discorda das críticas feitas à proposta do Governo e lembra que a participação das Forças Armadas não foi mais eficaz por «o Chefe do Estado-Maior-General atual não ter as capacidades atribuídas que correspondessem às suas responsabilidades». Para o major-general Carlos Chaves, «ficaremos a saber com toda a clareza quem deve fazer o quê».
O ministro da Defesa acredita que será possível reunir um «consenso alargado na Assembleia da República». João Gomes Cravinho defendeu recentemente que «não há razões que justifiquem uma dispersão de poder e comando no topo das Forças Armadas».