A descida das temperaturas deu provavelmente um empurrão extra à corrida aos centros comerciais. Mesmo nos dias em que o tempo autorizava mais um convívio no exterior, não houve quem hesitasse em manter os seus lugares cativos no interior dos restaurantes. Sessões de cinema esgotadas. Movimento na rua e nas estradas. Trânsito – parece-me, até ver – que ainda não voltou a ser pretexto para deixar uma pessoa enfurecida logo pela manhã (resta esperar para perceber até quando a buzina vai estar de folga). Mas o sentimento por estes dias é de sentido único: Liberdade. Valor que dá também nome à famosa avenida lisboeta, onde – meter a marcha atrás – há um ano, Dino D’Santiago e Branko tocavam sozinhos num 25 de Abril histórico em 46 anos. Numa cidade fantasma que vivia os primeiros tempos da pandemia, a Liberdade assinalava-se num mundo que tinha virado casas em celas – sinal verde para ultrapassar o velho debate sobre as diferentes condições de cada prisão domiciliária.
Como em tudo, resta apenas relembrar a importância do travão de mão em determinadas ações para que a vida não volte a ficar em ponto morto. E usar os piscas, se não for demasiado, que mais vale prevenir…, adiante, que já se sabe.
Apesar da nova etapa do desconfinamento, o desporto-rei continua sem público (aproveitando o estatuto real, um parêntesis só para destacar os 95 anos da Rainha Isabel II, que assim fica cada vez mais perto de completar sete décadas de reinado); contudo, o anúncio da criação de uma Superliga Europeia voltou a agitar os adeptos e, sobretudo, a provar o peso que assumem, agora fora dos estádios. Em 48 horas, o todo-poderoso projeto que propunha uma prova apenas para os clubes europeus endinheirados ficou fora de jogo. Não é por acaso que aqueles conquistaram a alcunha de 12.º jogador, como também não é coincidência a falta que têm feito a vários clubes durante o último ano.
A chegar ao destino, é hora de estacionar o carro e colocar a máscara, que ali está, sempre à mão, cuidadosamente pendurada no espelho retrovisor.