por Alexandre Faria
Advogado, escritor e presidente do Estoril-Praia
As imagens de satélite disponibilizadas pela Agência Espacial Europeia revelam bem essa queda, como nunca tinha acontecido, e o Instituto Nacional de Estatística confirmou esta tendência. Um dos pontos mais relevantes assenta na redução da concentração média horária de dióxido de carbono, assim como na melhoria da qualidade das águas balneares ou no aumento do investimento em proteção ambiental por parte das indústrias.
Apesar da contração do Produto Interno Bruto desde as medidas de confinamento e da paralisação do planeta, as consequências positivas para o ambiente que resultam da redução da poluição e da emissão de gases com efeito de estufa trazem uma responsabilidade que não pode ser travada no combate às alterações climáticas.
Nesta perspetiva, a reentrada em cena dos Estados Unidos e da China nas metas definidas pela Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas e pelo Acordo de Paris constitui um estímulo que deverá ser prosseguido por todos, em particular nas decisões ao nível local.
Aproveitando o exemplo que as famílias têm demonstrado nestes últimos tempos, pela maior preocupação com a separação do lixo e utilização de ecopontos, a par de uma juventude cada vez mais consciente e exigente em termos ambientais, o poder local deve incentivar e promover a transição energética, a mobilidade sustentável nos seus concelhos, as campanhas de recolha e de sensibilização em relação às máscaras descartáveis e, inclusive, elevar o Ambiente a uma área governativa transversal a toda a gestão municipal, conferindo-lhe capacidade decisória vinculativa na apreciação de projetos urbanísticos de maior impacto.
De modo a que não se perca este aspeto positivo da pandemia, as respostas locais, ambiciosas e conjuntas, neste imprescindível caminho para a neutralidade carbónica, constituem uma esperança decisiva para o futuro.