Nos primeiros quatro meses deste ano, lojistas e restaurantes reportaram quebras na ordem dos 72%, com os meses de fevereiro e março a pesarem mais nas perdas. Os dados foram revelados esta sexta-feira pela Associação de Marcas de Retalho e Restauração (AMRR) que acrescenta ainda que as primeiras duas semanas de reabertura total dos centros comerciais contaram com perdas de 26% face ao mesmo período de 2019.
“Infelizmente não estamos a falar de magia, pelo que mesmo com o processo de desconfinamento a avançar, os lojistas e restaurantes de centros comerciais e de espaços de rua estão ainda a lutar contra períodos muito difíceis, com quebras de faturação pesadíssimas”, diz, em comunicado, Miguel Pina Martins, presidente da AMRR.
O responsável acrescenta ainda que através dos associados da AMRR é possível perceber “o peso real do segundo confinamento e o que isso representa nas vendas dos lojistas. Sem apoios efetivos não é possível sobreviver e continuar a contribuir para a economia, para a geração de riqueza e criação de trabalho. Sem apoios vamos no caminho exatamente oposto”.
Ora, o mais recente inquérito da AMRR mostra que o mês de janeiro foi marcado por perdas de 63% face a igual período de 2019, seguindo dois meses de confinamento com registo de quebras na ordem dos 88% em fevereiro e 82% em março. Em abril, mesmo com o início do desconfinamento, os lojistas e restaurantes continuam no negativo com perdas de 54%. Nas semanas de 19 de abril a 2 de maio os lojistas e restaurantes registaram quebras de 26% .
“O mês de abril foi dando um pouco mais de alívio aos nossos associados, mas continuamos todos com enormes quebras, pondo em risco a sobrevivência de inúmeras empresas. Estamos a falar de duas semanas com perdas de 26%. Não podemos fingir que não existiu um 2º confinamento e os lojistas e restaurantes precisam de medidas de apoio concretas como o prolongamento da moratória de crédito (capital e juros) até março de 2022, o prolongamento da moratória das rendas e um equilíbrio e justa repartição de sacrifícios entre proprietários de centros comerciais e lojistas, com uma solução legislativa que assegure, em 2021, uma taxa de esforço não superior à de 2019”, diz Miguel Pina Martins.
“Com estes números, é imprescindível que a Assembleia da República aprove legislação equilibrada, que permita salvar as empresas e os empregos, nomeadamente e em concreto, com a isenção das rendas nos períodos de encerramento. É impossível pagar rendas de milhares de euros em períodos em que as receitas foram zero”, acrescenta o responsável.