A nove quilómetros de Fátima, avista-se o primeiro peregrino. Já nos tinham falado dele no café do mercado de Minde, que fica de passagem quando se vira da estrada principal para sair da vila e apanhar o último trilho do percurso marcado a setas azuis antes de voltar à nacional. Nestes tempos é assim: passa um peregrino e fica registado, do pouco habitual que foi nos últimos tempos. João, de 37 anos, caminha sozinho com uma cana na mão, mochila às costas. Em menos de nada, meteu-se pelo caminho de pedra e está de novo no alcatrão quente, a chegar àquela parte do trajeto em que a natureza dá lugar a uma «reta manhosa, que parece nunca mais ter fim», descreve.
Mas isto é por fora, por dentro vem um poço de emoções a serenar. Saiu de Aveiras há pouco mais de 24 horas, leva 70 quilómetros nos pés. Dormiu num albergue mas arrancou ainda de noite de Pernes, às 4h – foi aí que viu a cana numa berma, que nem é habitual trazer, mas é a primeira vez que faz o caminho sozinho e a meio da noite pelos vales podia dar jeito, sorri.
Há dois anos o filho foi diagnosticado com leucemia. Está a chegar o fim do protocolo de tratamento e Afonso há-de vir fazer o caminho ele. Traz uma moldura com a fotografia do filho na mochila, que de resto vem leve. Com cinco anos, disse ao pai «se ia a Fátima a pé pedir a Jesus para lhe curar os dói-dóis» mas João diz que vem sobretudo agradecer. Tinha pensado fazer o caminho sozinho em setembro, quando o filho fará novas análises, mas o padre que o ia acompanhar desta vez ficou adoentado: «Meti na cabeça e disse ‘é agora’».
Não só veio sozinho como desde Aveiras não encontrou um único peregrino. Tempos diferentes, que começam a mudar. «O senhor do hostel de Pernes já estava a dizer que para a semana tem tudo cheio, por isso isto agora deve vir mais gente», acredita João. Também sente falta dessa animação, de quando vem com o grupo de Aveiras, com o padre, dos cânticos, das reflexões, mas se a pandemia deixou tudo isso para mais tarde, a fé é outra história, mesmo para um agente funerário de profissão. «Foi um ano um bocadinho mais pesado, mas é um trabalho a que com o tempo nos habituamos».
Foi a doença do filho que o deixou sem chão. O ano de pandemia foi com mais cuidados, mas têm tentado fazer a vida mais normal possível. «Ele é que me tem dado força. E também tem fé». Já era crente, mas no hospital o capelão ia todos os dias visitá-lo e iam à capela do IPO sempre que podiam. A relação com Deus, que sabe a hora de todos, diz, estreitou-se. «Vinha Fátima a pé um bocadinho por promessa, desde que o meu filho adoeceu venho agradecer. É um dia de cada vez. Vim duas vezes no ano passado, agora venho e hei-de vir em setembro e enquanto puder vou continuar a vir. Antes às vezes vinha dorido, cansado, agora é com outro espírito, com outra fé talvez. No ano passado fiz o caminho em 12 horas, direto, de Aveiras aqui sem dormir. E estava aqui como estou agora. Há uns anos seria impensável, mas metemos tudo em perspetiva e a fé ajuda. Todo o trabalho, tudo o que nos ocupava, fica para segundo plano».
João faz-se à estrada – não há pressa, só quer estar às 17h em Aveiras para ir buscar Afonso à escola. Só já em Fátima voltamos a ver duas caminhantes, Manuela e Margarida, enfermeiras do Hospital de Abrantes. Manuela, de 58 anos, faz o caminho a pé anualmente mais do que uma vez. Antes da pandemia, saía de madrugada e ficava a dormir numa tenda depois da procissão das velas para as cerimónias do 13 de Maio. Este ano, como nas peregrinações do ano passado, é outra vez uma versão reduzida e convenceu a colega a meter-se ao caminho pela primeira vez num dia de folga. «Nossa Senhora tem-me ajudado muito nesta minha peregrinação pela vida. Gosto muito de fazer caminhadas mas caminhar associado ao lado religioso e espiritual faz-nos sentir muito bem», diz.
Saíram de Torres Novas e estão a chegar a Fátima ainda antes da hora do almoço. Para primeira experiência de Margarida, os 25 km numa manhã não podiam ter corrido melhor, apesar de também não terem visto nenhum peregrino pelo caminho. «É um bocadinho mais triste, via-se muita gente nos cafés, restaurantes, é uma mudança muito grande nessa parte. As pessoas fazem a sua peregrinação interior, mesmo em casa, mas é mais triste. Talvez agora no 13 de Maio haja mais gente. Temos de estar confiantes, retomar mas esperar que as pessoas não se esqueçam das medidas básicas e espero que fique alguma coisa disto. Além de crente sou ambientalista: o universo está-nos a dar mensagens, acho que havia um desequilíbrio muito grande», partilha Manuela.
Não há mais coletes refletores à vista e entra-se numa Fátima meio em suspenso: há mais movimento desde que voltaram as celebrações no santuário a 15 de março e desde que puderam abrir cafés, esplanadas e restaurantes. Mas nada tem a ver com o que havia antes da pandemia. À beira da Estrada de Minde, onde por esta altura se multiplicariam os grupos de peregrinos, Inês, de 35 anos, fala do ano que arrasou as expectativas que tinha quando, no início de 2020, abriu uma petisqueira com o companheiro neste ponto de passagem. «No primeiro mês correu bem, depois começaram a chegar as notícias do vírus e as pessoas começaram a retrair-se um bocadinho e depois foi o descambar». E agora? «Agora estamos a ateimar», diz, ao lado da filha de oito meses, que sorri às caras estranhas atrás máscaras e nunca conheceu outro normal se não este.
O problema é que a recuperação parece sinuosa: por um lado, estando num ponto de passagem, os locais receiam que tenham gente de fora e que o risco de apanhar o vírus seja maior; por outro, quem vem de fora, a pé ou de carro, não pára. Aos caminhantes que vêm na estrada chamam-lhes, os que vivem do turismo em Fátima, os ‘passantes’: e agora, mesmo os que se fazem ao caminho a pé ou que vêm de carro, tendem a trazer toda a logística definida, refeições e é menos provável que parem espontaneamente num sítio qualquer, explica a proprietária. «Passam, pedem uma ‘aguita’ e mais nada».
E assim está o restaurante Dá Duro, especialista em pão de cereais e que queria inovar em petiscos mais saudáveis, uma ideia que Inês vinha amadurecendo e que espera ainda conseguir levar a bom porto. O nome parece fazer jus à resiliência da família com quatro filhos mas Inês confessa que não tem sido fácil, porque as contas continuaram a ter de ser pagas, os planos não descolaram e os apoios deixaram de fora casos como este. «Ficou tudo aquém. Temos tentado ter algum bom senso, porque investimos aqui as nossas poupanças mas não tivemos direito a apoios. Tínhamos direito a apoio se tivéssemos tido faturação em 2019, coisa que não aconteceu porque não estávamos abertos. E os investimentos que nós fizemos? É um pouco ingrato», lamenta.
«O senhorio foi compreensivo, não nos vai cobrar o valor dos meses que estivemos fechados, o que nem sempre tem acontecido em Fátima. O que dizem é que em 2017 ninguém pagou mais renda porque estava a dar. Felizmente tem havido bom senso, o meu companheiro tem trabalho, estamos com horário reduzido para apanhar um pouco do apoio do layoff mas é difícil e em Fátima está ainda tudo parado, não é a meio gás, é parado. Quem me vende a pastelaria diz ‘vendeste quatro bolos? Estás muito bem’. Ela tem quatro casas e vendem 16».
Ter tido a filha num ano de pandemia acabou por ajudar, esteve mais com ela e não a pôs numa ama. Inês tenta ver os dois lados e outros mais; Fátima assim não vai longe, mas pela primeira vez, quem é crente e trabalha com público, conseguiu aproveitar as celebrações, ir ao santuário, em vez de horas e horas seguidas de trabalho: «Nisso sim: foi menos no bolso e mais na fé». Sente também que os mais velhos foram os mais afetados. Durante meses, fazia questão de caminhar com os filhos até um lar só para dizer olá a uma idosa que vinha à janela. «Ninguém nos terá visto, só ela talvez, mas é um cuidado que todos, vizinhos, colegas e mesmo os passantes podem ter por aqui e dar ânimo aos mais velhos».
«Desde 5 de abril ainda não vendi nada»
Vira-se para Aljustrel, o lugar onde viveram os pastorinhos e um dos pontos de romaria em Fátima, e é como se o tempo estivesse mesmo parado. Há a expectativa de que o 13 de Maio traga mais algumas pessoas, mas não de uma retoma imediata. Ao longo da rua sucedem-se lojas de souvenirs, quase todas abertas como dantes mas sem ninguém, como o cenário de um filme interrompido em que está tudo no mesmo sítio à espera que alguém diga ‘ação’. Filomena, nascida ali há 46 anos, está à porta de uma das lojas. Imagens, roupas, velas, medalhas, terços, tudo como dantes, mas nenhum cliente. «Desde 5 de abril ainda não vendi nada», resume.
Pedro Alexandre é também dono de uma das lojas de Aljustrel, em tempo casa da família – o avô, que morreu aos 104 anos em 2002, testemunhou o milagre do sol e, como quase todas as pessoas que abriram negócios ali, está ligado pelos antepassados à história das aparições em 1917, que mudariam a vida dos pastorinhos e a vida das gentes de Fátima, que até aí se dedicavam à terra e viram nascer ao longo das décadas a indústria do turismo religioso. Ao lado, o tio António Joaquim, de 85 anos, foge da conversa sobre o agora para os tempos de menino. Aí é que em Aljustrel havia mesmo muito pouco, diz. «O primeiro fogão que houve aqui foi para a minha casa».
Só aos 25 anos conseguiu ir aprender a ler e a escrever, em dias que começavam cedo a ajudar o pai no campo, a acartar estrume e, depois, na taberna que tinham na loja que hoje vende artigos religiosos. Determinado, levava os livros bem presos na bicicleta ou no carrinho de mão para não falhar a hora dos estudos. «Havia um livro da loja onde tinha escrito Atónio – nem sabia escrever bem o nome».
Voltamos ao agora, à Aljustrel que se tornou um dos postais de Fátima e está imóvel à espera. Pedro diz que desde que abriram em 1998 nunca tinha havido um ano tão mau. Demasiada oferta? Havia procura. «Fátima tinha normalmente seis milhões de peregrinos, neste momento terá 100 mil», responde.
No ano passado, segundo as estimativas do santuário de Fátima, passaram pelo recinto um milhão. Perdeu o comércio, a hotelaria e atrás as indústrias associadas. Pedro, proprietário em nome individual, admite que os apoios chegaram, mas foram poucos. «E continuamos a ter de pagar impostos», atira.
Na Casa-Museu de Aljustrel, uma irmã dá as boas-vindas a quem chega. Também ali é a fé que irrompe. Laura Castanho e a família vêm de Vila do Conde. É assim há 35 anos no 13 de Maio, sem falhar: a única diferença é que pela primeira vez no último ano, e agora neste, Laura, hoje com 63 anos, não fez o caminho a pé. Eram 260 quilómetros todos os anos. A devoção a Nossa Senhora de Fátima vem de menina, mas foi quando o filho mais velho tinha um ano que prometeu que o faria. O bebé teve uma infeção numa perna, os médicos disseram-lhe que se chegasse ao coração morria e que ficaria com uma perna mais curta do que a outra. Laura, que estava em França e não compreendia o que os médicos diziam, rezou.
Este ano, traz outra gratidão: tiveram todos covid-19 lá em casa em outubro. David, o filho mais novo, de 20 anos, foi o único que esteve hospitalizado. «Saímos sempre a pé no dia 5 de maio. Tinha de vir, em casa estava a dar em maluca a pensar que agora estaríamos já ali, a fazer aquilo», sorri a sexagenária, que trouxe a família e puxa pelo ânimo do mais novo, naquela idade em que os planos que tinham para começar a trabalhar têm saído todos furados. «O que importa é ter saúde, estarmos unidos, deixar uma boa marca no mundo. O resto vem», diz a mãe.
Chega entretanto um autocarro, o primeiro do dia, com um grupo do Cartaxo. Já estão todos vacinados mas ainda cautelosos. O percurso da excursão é um dos clássicos da região: Fátima, Aljustrel/Valinhos e Pia do Urso. Por um momento, parece haver mais movimento ali no centro, mas é passageiro e o grupo pequeno desfaz-se e não pára nas lojas. Vítor Soares, o motorista – há 37 ao volante da Boa Viagem – reconhece que era muito pouco habitual ter o parque de estacionamento só para ele. Agora um autocarro já parece uma bênção. «Geralmente a um dia de semana eram cinco ou seis autocarros e ao fim de se semana tudo cheio. Mesmo no santuário estive toda a manhã no parque 2 sem mais nenhum autocarro».
Por ano traz habitualmente 40 a 50 excursões a Fátima, esta é a primeira de 2021, depois de um 2020 com muito menos trabalho. Percebe que existam regras, mas não vê justificação para haver uma redução nos autocarros turísticos a dois terços, quando só têm lugares sentados, o que faz com que tenham de trazer muito menos pessoas do que as que andam no metro no comboio. Ainda assim, acredita que daqui para a frente a situação melhore: «Tem de ser, se não não morremos do mal, morremos da cura».
Está uma tarde de sol e o lugar sossegado dos Valinhos, onde se evoca a aparição do Anjo da Paz aos pastorinhos, parece ainda mais calmo. Graça passeia com a mãe e explica que durante a pandemia muitas pessoas de Fátima usaram os Valinhos sem turistas para os passeios higiénicos. A natureza que permanece tal como seria há 100 anos torna o lugar especial mesmo para quem é dali e não haver turistas ajudou a usufruir mais do espaço, mas fazem falta, assente a professora. «Não é o meu caso, mas 80% de Fátima depende do turismo, tem sido péssimo», diz Graça, que sente alguma melhoria, mas também não acredita que seja imediata, muito menos agora já no 13 de Maio, em que as regras vão ser restritas. Apesar de não ser trabalhar no meio turístico, vê o impacto e não concorda com o juízo que por vez se faz de que havia comércio a mais para um santuário. «Fátima respondeu à procura das pessoas que cá vinham. Com a pandemia, deixaram de vir, mas foi inesperado para todos. No Algarve, ninguém questiona quem vende toalhas e tem a sua atividade ligada à praia, aqui às vezes há essa crítica».
Maior impacto nos turistas estrangeiros
Mais perto do recinto do santuário nota-se um pouco mais de movimento, mas a expectativa lança-se para a frente. Não tanto para o 13 de Maio, em que só vão poder estar até 7500 peregrinos e as entradas vão ser controladas, mas para os fins de semana e para a chegada de turistas estrangeiros. «Há dias em que nem nos estreamos», diz Carina, que continuou o negócio dos pais. No último fim de semana, faturaram 25% do que seria habitual nesta altura. «É melhor do que estava, mas continua a ser 25%, com rendas e contas para pagar». Tinha uma funcionária a quem não conseguiu renovar o contrato em dezembro. «Ficámos com pena, foi para o fundo de desemprego, mas era impossível. Se melhorar, podemos chamá-la».
No 13 de Maio, chegavam a ser sete pessoas a trabalhar na loja, Fechavam já depois da meia-noite. «Para ir às celebrações tinha de ser à vez», diz. E esse é um lado invisível: é que além dos trabalhos habituais, muitas famílias e jovens ganhavam um extra nestes reforços na altura das peregrinações, que mesmo retomadas já no ano passado ficaram condicionadas. Natália, que tem uma loja e garrafeira mais afastada do centro, acredita que agora é que se vai sentir mais o impacto: «Muitas lojas vão fechar, mas acho que aprendemos todos que temos de ser um pouco mais humildes. Dantes às vezes as pessoas não queriam trabalhar, se se pedia mais uma hora era complicado. Se o patrão está bem, todos tão bem. Assim, ninguém está».
Numa das bancas de rua, Conceição dá conta de outros problemas de tentar recomeçar: como se vendeu pouco no ano passado e os primeiros a vir são peregrinos regulares, «vêm à procura de novidades». E não há grandes novidades, o artigo é o mesmo e repete-se loja a loja, banca a banca.
Nas esplanadas, também ainda sobram muitas mesas livres. Na pastelaria e restaurante Santa Cruz, mesmo junto ao recinto, Guy Mendes, o proprietário, admite otimismo depois de pela primeira vez terem tido um ano com prejuízo, com uma quebra de 85%. Do que se sente mais falta neste momento é dos turistas estrangeiros, explica. Nem os espanhóis, que eram a maioria, apareceram ainda. «Se vi seis espanhóis esta semana foi muito. Estávamos habituados a alguma sazonalidade, a um inverno mais difícil, mas isso nos últimos anos estava a ser diferente. Havia os cruzeiros que traziam a excursões a Fátima e isso tudo parou. Agora temos de dizer que em relação aos último meses, melhorou consideravelmente, porque não havia ninguém. Pela primeira vez vimos o santuário vazio. Sobrevivemos a isto, agora é andar para a frente».
Disso há sinais. A sair do santuário, apanhamos a excursão do Centro de Apoio Social do Olival, em Ourém, um lar de idosos com 30 utentes. Rostos cansados mas felizes debaixo de castiços chapéus de palha refletem o que foi o primeiro dia de liberdade este ano. «Viemos passear e agradecer, estamos todos vacinados e não tivemos nenhum caso de covid-19», diz a coordenadora Stephanie Lopes, enquanto arrumam cadeiras de rodas, a logística de uma tarde diferente. «Dá-lhes trabalho é a elas», sorri um dos idosos.
Entardece e no recinto dois funcionários, que no ano passado ajudaram a pintar centenas de círculos no chão – os lugares marcados para os peregrinos –, terminam umas setas azuis para ordenar a fila para as velas. Já está tudo pronto para o 13 de Maio. Este ano as regras vão ser ainda mais apertadas e durante as celebrações a zona do queimador vai estar fechado, para evitar deslocações.
Alheios a esses preparativos, dois mochileiros descem o recinto de oração, entre baias e círculos, e sentam-se no chão para uma fotografia que noutros anos seria impossível, sem uma multidão de fundo. Ela é italiana e ele iraniano.
Conheceram-se em 2018 no Caminho de Santiago e voltaram a reencontrar-se há dois dias em Lisboa, para se fazerem mais uma vez ao «camino», que é também uma forma de fé. Stephania, de 40 anos, começou por fazer o caminho francês em 2014 e diz que é assim de repentes: estava em casa na semana passada e pensou por que não? Bilhete de avião, teste à covid-19 e cá está. Por coincidência, o amigo também estava. «Andar ajuda-me a manter-me na direção certa», diz. Darius, de 70, reformado, conta que é a primeira vez em Fátima, especial para os iranianos por ser o nome da filha Maomé.
Já a caminhar começou há 11 anos, depois de uma vida a trabalhar numa grande empresa. Stephania conta ir até Finisterra. Darius tenciona acompanhá-la até ao Porto. Crentes? Sim, mas não dos ditos ‘praticantes’. Acreditam na força do caminho interior que se faz a caminhar. «Acredito sobretudo nas boas ações das pessoas e caminhar faz-nos perceber que não estamos no mesmo sítio para sempre, nem aqui. Somos convidados».