É sábado e a campainha para terminar o recreio não toca às 13 horas, pela primeira vez sabe-se lá quanto tempo depois (fim do dramatismo: 173 dias e após ter sido declarado 15 vezes de forma consecutiva, o Estado de Emergência chegou ao fim).
Loucura! E um motivo muito válido para celebrar. Como quase todos nesta altura. Se o Jaime chegou aos 30 anos de idade há seis meses também não há como não assinalar a data. E a Maria, que tropeçou e foi uma sorte não ter passado de um susto? Brinde, já! À Maria, ao pé da Maria, ao passeio, ao lancil. Vale tudo.
E, entretanto, é sábado…
– Vamos jantar fora?
– Sim, àquele restaurante à frente da estação.
Nem uma mesinha de apoio. Cheio. De gente e barulho, como se quer.
– Ah, não tem problema, seguimos para o da esplanada grande.
Fechado.
– Tanto se queixaram, mas agora nem mudam os horários.
– Pois…
– E o outro? Aquele da picanha?
– Está lá sempre aquela mesa…
– Ok, esquece.
– E o vegetariano? Tem sempre mesa!
– Claro que tem, mas fiz alguma coisa de errado para estar de castigo?
– Fogo, são quase 22 horas, as cozinhas vão fechar e arrefeceu imenso. Calcei as sandálias porque estava sol à tarde.
– Mas já te estás a queixar? O entusiasmo passou-te rápido.
– Vamos para casa? Para a semana marcamos mesa com mais tempo.
E mesmo parecendo que no final de contas tudo bateu errado – como quando cobram os gressinos e as azeitonas apesar destes nem chegarem à mesa -, o sábado voltou a ganhar sentido.
22h23: O regresso a casa
(- Emprestas-me umas meias quentes, sff, estou com os pés a congelar.
– Ok, mas se fores ligar o forno para por as pizzas também ajuda a aquecer).