“A decisão da TAP de requerer, com o patrocínio do Governo, a declaração de insolvência da SPDH/Groundforce não resolve o problema da empresa. Pelo contrário, agrava-o e adia uma solução”. Quem o afirma é Alfredo Casimiro, presidente da Groundforce, em resposta à decisão da TAP em avançar, na segunda-feira, com o pedido de insolvência da empresa de handling junto do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa. Em comunicado, o empresário fala de decisões precipitadas como “fruto de impulso e tomadas em nome da ambição política e não do superior interesse do país” e promete utilizar “todos os mecanismos legais” para reverter a situação.
O acionista privado e maioritário da Groundforce (com 50,1% da empresa através da Pasogal) classifica o pedido de insolvência de “irresponsável” e alerta que o mesmo pode “agravar a situação da Groundforce porque, inevitavelmente, isso agravará também a situação da TAP e de todos os trabalhadores deste universo”.
Fonte que acompanha o processo de perto garante que a decisão da TAP – que detém 49,9% da empresa – coloca em causa o pagamento dos salários nos próximos seis meses e os postos de trabalho dos 2400 trabalhadores da Groundforce, uma vez que se perspetiva uma batalha jurídica que se poderá arrastar. O facto de o acionista privado da Groundforce não ter tido direito a auxílio financeiro, mesmo com um histórico de resultados positivos antes da pandemia – sob gestão de Alfredo Casimiro a empresa deu lucros de 28,8 milhões de euros, entre 2012 e 2019 (uma exceção no universo TAP) –, continua a ser mal compreendido.
“Ambição política” Alfredo Casimiro aproveitou o comunicado para voltar a apontar o dedo ao Governo e, em particular, ao ministro Pedro Nuno Santos. Sem nunca nomear o titular da pasta das Infraestruturas e dos Transportes, o empresário diz que a Groundforce “está hoje em risco por causa de decisões precipitadas como esta, fruto de impulso e tomadas em nome da ambição política e não do superior interesse do país”. “As consequências são óbvias: com a instabilidade que está a ser criada, ambas as empresas, TAP e Groundforce, terão menos condições para iniciar o processo de recuperação económica e financeira à medida que a conjuntura o for permitindo”, lê-se na nota.
O empresário acusa o Governo de, neste processo, ter “sempre dois pesos e duas medidas, senão mesmo duas caras”. “Usou uma cara para lidar com uma empresa pública que nacionalizou, a TAP, e outra cara para lidar com uma empresa privada que parece querer nacionalizar, a Groundforce. Tal comportamento é inaceitável num Estado de direito. A crise pandémica afetou, de igual modo, empresas públicas e privadas. Reiteramos que é, portanto, inaceitável que um Governo use dois pesos e duas medidas, consoante gosta ou não gosta de uma empresa, respeita ou não respeita um empresário”, diz.
Ainda assim, Casimiro reitera que mantém “disponibilidade para encontrar uma solução que proteja os interesses dos trabalhadores, dos acionistas e, em última instância, do país”.