A Ordem dos Enfermeiros estimou, esta terça-feira, que existem entre 1.800 a 2.000 enfermeiros que foram contratados durante a pandemia e poderão ser dispensados. Só no Norte há registo de 700 enfermeiros em risco.
“O que os enfermeiros sentem é que são descartáveis. Foi muito bonito o momento das palmas à janela e o primeiro-ministro dizer que a Champions [Liga dos Campeões] era um prémio, mas dispensamos isso. Queremos ser valorizados e reconhecidos pelo nosso trabalho, porque vamos ser muito precisos para todas aquelas pessoas a quem não conseguimos chegar durante a pandemia", afirmou Ana Rita Cavaco, bastonária da Ordem dos Enfermeiros.
"Estamos a falar de milhares de enfermeiros no total nacional. O que se está a passar em Leiria [denúncia de sindicatos sobre a dispensa de enfermeiros], está a passar-se em Faro e já se passou noutros hospitais, do Norte ao Sul, e só não se passou nas ilhas e esperemos que não, aliás, quando estivemos na Madeira, a intenção do Governo é ficar com todos eles porque vão precisar para a retoma e era aquilo que devíamos fazer aqui", sublinhou.
No final de uma visita a um centro de vacinação, em Coimbra, a bastonária lembrou ainda que mais de mil enfermeiros emigraram durante a pandemia e que “o Governo podia ter feito mais” para os fixar em Portugal “em vez de lhes oferecer contratos de quatro meses”.
"Havia algumas coisas que o Governo podia ter feito para fixar enfermeiros em vez de lhes oferecer contratos de quatro meses e agora estão a mandá-los embora dos hospitais, com milhares de cirurgias que é preciso de recuperar", disse.