Marcelo fala em “leveza excessiva” na preparação da festa do título mas protege Cabrita

“Não há dados de que tenha havido intervenção do ministro nesta matéria”, disse.

O Presidente da República voltou a criticar a forma como decorreram os festejos do título do Sporting e fala em "leveza excessiva" na preparação da festa. 

Em entrevista à RTP, Marcelo foi questionado quanto à gravidade do que aconteceu nos festejos sportinguistas e a sua resposta foi clara. “Via as imagens de Fátima e a disciplina e o exemplo que deu a Igreja Católica. Aquilo que tem sido o comportamento em espetáculos, o esforço de toda a gente para observar uma disciplina sanitária, foi ontem ultrapassado porque os diques foram rompidos”, considerou.

O chefe de Estado diz que falou com vários especialistas que referiram que por “muita prevenção que pudesse haver, os diques iam romper naquele tipo de fenómeno”. Contudo, “agora temos de ter muito cuidado porque faltam semanas e meses e não podemos recuar para indicadores negativos”. Para Marcelo, este evento foi “uma lição”. “É uma lição porque temos ainda jogos de futebol e outras celebrações”, destacou. 

Questionado sobre o facto de, esta quarta-feira, ter afirmado que “quem devia prevenir não preveniu”, o Presidente afirmou “depois de ter ouvido todos os que participaram”, considera que houve uma “certa hesitação” em "como intervir".

“Essa preocupação era comum à Câmara de Lisboa, às forças de segurança e ao Sporting”, e, talvez por isso, “minimizou-se problemas de organização”, considerou.

 “Há um somatório de fatores e há também o comportamento das pessoas. São 20 anos de espera, mas que diabo. Eu percebo isso, mas houve ali um efeito que é um efeito não é positivo e não pode ser replicado num futuro próximo”, sublinhou.

Quanto ao facto de o Ministério da Administração Interna ter pedido à Inspeção-geral da Administração Interna a abertura de um inquérito à atuação da PSP, Marcelo explicou que este “não é especificamente à polícia, mas ao evento como um todo”. “Temos de aprender com o que aconteceu”, defendeu.

Questionado sobre se há responsabilidade política, nomeadamente do ministro da Administração Interna, sobre quem caíram as críticas, o Presidente protegeu Eduardo Cabrita realçando não saber se, "verdadeiramente", "houve intervenção do ministro da Administração Interna ou se isso não foi tratado a nível de outras estruturas”.

“Não tenho dados nessa matéria sobre se houve intervenção do ministro para que se fizesse 'assim ou assado'”, disse.

“Houve uma leveza na ponderação às soluções alternativas ao Marquês de Pombal, uma leveza excessiva na ideia de criar condições para um aglomerado muito grande de pessoas em torno do estádio [de Alvalade] e, depois, problemas de previsão e de organização e de funcionamento que levasse a que desembocasse no que desembocou”, acrescentou.

“Não é possível ter um fiscal atrás de cada cidadão”, defendeu, considerando que “as pessoas sentem-se mais à vontade no desconfinamento e isso também é errado”.

Mais à frente na mesma entrevista, Marcelo recusou a dizer se as remodelações no Governo criam instabilidade ou refrescam o Executivo.

“Isso tem de perguntar ao primeiro-ministro”, disse.