Lisboa vai receber no dia 28 de junho uma cimeira “ao mais alto nível” para discutir a recuperação económica da Europa e as estratégias que devem ser seguidas para a fase do pós-pandemia.
O anúncio foi feito pelo ministro das Finanças João Leão, durante a conferência de imprensa, realizada no Centro Cultural de Belém, que serviu como cerimónia de encerramento das reuniões informais do Eurogrupo (ministros das Finanças da zona euro) e Ecofin (ministros da União Europeia), que decorreram na capital portuguesa durante dois dias (entre sexta-feira e sábado).
“Vai haver aqui uma cimeira de alto nível, que é a cimeira da recuperação. Vão ser convidados vários responsáveis e especialistas europeus, para pensar a economia pós-covid e a governação económica europeia, algo que a Comissão Europeia pretende concretizar mais no final do ano”, confirmou aos jornalistas João Leão, acompanhado pelo vice-presidente executivo da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, e pelo vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos.
O ministro das Finanças não adiantou nomes, mas sempre foi dizendo que espera reunir em Portugal um painel de destaque. “É prematuro agora estar a anunciar” nomes, disse Leão, uma vez que os convites e as confirmações ainda não estão fechados. O governante espera, porém, que se desloquem a Lisboa “um conjunto de responsáveis, mas também de economistas e especialistas” económicos. O principal objetivo do encontro – que se realizará praticamente em cima do fecho da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia (UE) – será discutir o tema da recuperação no contexto pós-pandemia “de forma ainda mais informada e aberta”, segundo o ministro português.
Recorde-se que, em dezembro, João Leão tinha anunciado que Portugal iria receber, em abril, uma cimeira sobre “a implementação dos planos de recuperação” dos países. Os planos acabariam, porém, por ser alterados.
Importações poluentes taxadas de forma gradual Do encontro destes dias sai a conclusão de que a transição energética na UE vai mesmo contar com o apoio de um imposto, mas o mesmo será introduzido gradualmente no espaço comunitário, anunciou João Leão. “O mecanismo de ajustamento na fronteira tem alguma complexidade e a própria comissão propõe que seja um mecanismo que seja incorporado de forma gradual”, disse o ministro.
Antes das reuniões do Eurogrupo e do Ecofin, Leão tinha anunciado “um novo imposto sobre ajustamento na fronteira, que evite que a Europa, ao ser uma das zonas mais avançadas nas alterações climáticas, acabe por depois, indiretamente, importar bens que sejam produzidos de uma forma que polui muito o ambiente”. Após os encontros, o ministro disse que o mecanismo seria “ineficaz se se traduzisse na reafetação desses setores para fora da Europa”, afetando também “a competitividade da economia europeia”.
Segundo Leão, o mecanismo – que se deve focar “em setores altamente emissores como o aço, cimento, eletricidade e possivelmente fertilizantes”, como detalhou o vice-presidente Dombrovskis – tem “uma complexidade adicional” que se prende tanto com a avaliação da pegada ecológica dos produtos importados e “qual é o impacto, em termos de carbono, que vão deixar”, como com as exigências da Organização Mundial do Comércio, explicou.