De sorriso fácil e muito dedicada à família, Máxima da Holanda não esconde a enorme paixão por Sevilha, pela Argentina – onde nasceu – e o seu amor por esqui. De plebeia argentina a rainha da Holanda, a monarca comemorou recentemente o seu 50.º aniversário numa das fases mais plenas da sua vida. Agora, é um dos membros mais queridos da família real holandesa, mas nem sempre Máxima Zorreguieta Cerruti – nome de solteira – pertenceu ao sangue azul.
Nascida a 17 de maio de 1971, em Buenos Aires, a agora rainha pertencia à elite local e estudou no famoso colégio bilíngue Northlands, num bairro nobre da capital argentina. Mais tarde, formou-se em economia pela Universidade Católica de Argentina, em 1995, tendo trabalhado, depois disso, em vários bancos internacionais – como o Deutsche Bank e o HSBC – em Nova Iorque, nos Estados Unidos.
A sua infância foi passada numa zona rica de Buenos Aires e é filha do polémico Jorge Zorreguieta, que foi ministro da Agricultura durante a ditadura militar do general Jorge Rafael Videla, a quem foram imputadas graves violações dos direitos humanos.
Muito dedicada à sua vida profissional, a vida de Máxima muda em 1999, quando numa visita de trabalho à Feira de Abril de Sevilha – da qual se tornou fã – conhece o então príncipe Guilherme da Holanda. No entanto, a monarca – que nunca escondeu a sua espontaneidade – garantiu que não caiu logo aos pés de Guilherme e ele voltou a visitá-la, desta vez em Nova Iorque, onde Máxima trabalhava. O amor aconteceu, atravessou oceanos, venceu preconceitos e o casamento vem a acontecer três anos mais tarde, em fevereiro de 2002, apesar de ter acontecido no seio de alguma polémica. Isto porque o passado do pai da noiva não era bem visto na Holanda ao ponto de o Governo ter vetado a presença dos pais de Máxima no seu próprio casamento. Mas isso não foi um problema e a futura rainha aceitava as condições que a sua nova posição lhe trazia, o que lhe valeu elogios por parte do marido. «Apaixonei-me por esta Máxima: espontânea, interessante e simpática. Sei que nem sempre será fácil, mas espero que ela continue a ser a pessoa que é», chegou a dizer Guilherme da Holanda antes do casamento. E, apesar de aceitar com amor e dedicação a sua nova vida, Máxima deixou a garantia: «Sou latina e vou continuar a sê-lo. Danço, canto e vou continuar a fazê-lo».
Do casamento nasceram três filhas – Catarina Amália, de 17 anos, Alexia, com 15 e Ariana, com 14 – com quem a rainha mostra ter uma relação muito próxima. O mais recente exemplo da união da família está a ida a um concerto para celebrar o aniversário de Máxima. A família foi fotografada entre sorrisos e nem a sogra faltou à festa. As fotos em família são, aliás, uma constante e Máxima dedica muito tempo da sua vida às filhas.
A subida ao trono
Foi em 2013 que a então rainha Beatriz decide abdicar do trono em favor do filho. Mas quando questionada sobre a sua ‘substituta’ nunca teve dúvidas de que estaria à altura do cargo. «A Máxima tem um grande coração e uma grande capacidade para se conectar com as pessoas. Com essas qualidades será um grande apoio para o Guilherme Alexandre, que junto a ela formará um bom casal para reinar», disse, certa da sua decisão.
Nesta altura, Máxima era já amada pelo povo holandês e, por altura da sua coroação eram vistas várias bandeiras onde se lia «obrigada Holanda por amar Máxima e confiar na nova rainha».
Relação com Espanha e Argentina
Apesar de ter saído da sua terra natal, Máxima nunca abandonou definitivamente o seu país. A monarca e a família deslocam-se várias vezes à Argentina, às vezes, por altura do Natal. Mas também acontece em momentos difíceis. Em 2017, o regresso foi marcado pela morte do pai e, no ano seguinte, num dos momentos mais difíceis da sua vida para assistir ao funeral da irmã mais nova, que se suicidou aos 34 anos. A relação das duas era muito próxima e Inés Zorreguieta era até madrinha da filha mais nova dos reis da Holanda.
Além da relação próxima com a Argentina – onde até já foi considerada uma das mulheres mais elegantes da realeza europeia – Máxima não esconde o seu amor por Sevilha, mais que não seja por ter sido o local onde conheceu o marido.
O amor pela Feira de Abril é tão grande que, 20 anos depois de se terem conhecido naquele local, Máxima voltou ao local com o marido e as filhas para lhes mostrar onde tudo começou. A rainha e as três filhas, na ocasião, vestiram trajes típicos do flamenco.
Mas a ligação não é só essa. A rainha mostra tem também uma boa relação de amizade com a rainha Letícia de Espanha.
O trabalho
Entre os vários trabalhos desenvolvidos pela rainha está a integração de imigrantes no país – ou não fosse também ela própria uma imigrante – tendo lugar no mais alto órgão consultivo e de administração, o Conselho de Estado Holandês. Além disso, Máxima atua ainda como advogada especial do Secretário-Geral das Nações Unidas para Finanças Inclusivas para o Desenvolvimento, uma posição de onde a monarca tem a oportunidade de consciencializar para a importância dos sistemas financeiros inclusivos para atingir as metas económicas e de desenvolvimento, tais como a redução da pobreza, segurança alimentar e educação.
Visita de três dias a Portugal
Em outubro de 2017, Máxima acompanhou o marido numa visita a Portugal. E nem o estatuto da realeza os proibiu de se juntarem ao ‘povo’. Além da visita ao Palácio de Belém, à Assembleia da República, ao Palácio Nacional da Ajuda ou à Câmara Municipal de Lisboa, os reis holandeses fizeram uma viagem de elétrico, o transporte mais típico da cidade de Lisboa. Estiveram ainda na Mouraria, visitaram o Arquivo Fotográfico Municipal e depois passeou no Largo do Intendente Pina Manique.
Os relatos de quem com eles conviveu nessa altura não são muito diferentes da opinião dos holandeses. Foram considerados muito simpáticos, sempre de sorriso nos lábios e disponíveis para as habituais fotografias pedidas pelos mais curiosos.
Biografias
Por ocasião dos seus 50 anos, são vários os que se inspiraram na sua história e Máxima conta com três novas biografias: Máxima, mais que majestade, do perito real Rick Evers (o único que pode ser considerado ‘oficial’), Moederland, da jornalista Marcia Luyten e Máxima, A Construção de uma Rainha, dos jornalistas Paula Galloni e Rodolfo Vera Calderón.
A popularidade da rainha tem caído ao longo dos anos mas, ainda assim, continua a estar no topo dos membros da família real mais adorados da Europa. Ficará no trono até que o marido decida abdicar a favor da filha mais velha.