O coordenador da task-force para a vacinação anti-covid-19 admitiu, esta quinta-feira, que a administração da AstraZeneca não foi afetada pela “comunicação errática” que existe em torno da vacina, ao associar o enfraquecimento da farmacêutica às guerras comerciais.
"O processo de vacinação tem sido pouco afetado em Portugal por essa comunicação errática à volta da Astrazeneca, que se calhar até tem mais a ver com guerras comerciais, de posicionamento no mundo, do que com a eficácia da vacina", apontou o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo numa palestra organizada pelo Centro de Análise Estratégica da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.
O vice-almirante disse que a vacina é “eficaz e segura” e lamentou o facto de ter sido "diabolizada de alguma forma na comunicação social", ao referir que a vacina da AstraZeneca tem sido alvo de "um escrutínio extraordinário", ao qual outras vacinas contra a covid-19 não foram sempre assim criticadas.
"Qualquer pessoa que depois daquela vacina tenha uma pequena reação, isso é tudo registado. Mas nas outras, também há reações e se calhar não estão a ser registadas ou escrutinadas com tanto cuidado", observou o coordenador da task-force.
Em Portugal, "reduziu-se imenso o grau de aplicação da vacina, fornecendo-a para faixas etárias superiores a 60 anos", indicou Gouveia e Melo, ao acrescentar que tal "aumentou a segurança da distribuição da vacina", ainda que tenha sido diminuído a sua eficácia, porque se "reduziu o núcleo de pessoas" a quem esta era administrada.
Recorde-se que as autoridades de saúde portuguesas, após suspenderem em meados de março a aplicação da vacina da AstraZeneca por possíveis associações a casos raros de coágulos sanguíneos, decidiram em abril administrar esta vacina a pessoas com mais de 60 anos.