A magia dos jacarandás em Lisboa

Todos os anos, por esta altura, a árvore mais bonita de Lisboa torna a cidade ainda mais bela. Os jacarandás são uma marca da capital e só mesmo o encanto do lilás das suas flores supera o incómodo que provocam sobre os automóveis e passeios. Quem gosta mesmo de Lisboa fica encantado com a magia…

Todos os anos, por esta altura, a árvore mais bonita de Lisboa torna a cidade ainda mais bela. Os jacarandás são uma marca da capital e só mesmo o encanto do lilás das suas flores supera o incómodo que provocam sobre os automóveis e passeios.

Quem gosta mesmo de Lisboa fica encantado com a magia dos jacarandás e perdoa os seus inconvenientes.
Os jacarandás (Jacaranda mimosifolia) são relativamente recentes em Lisboa. Esta espécie é originária da América do Sul e foi introduzida em Portugal, no Jardim Botânico da Ajuda, pelo seu diretor de então – Félix de Avelar Brotero – nos inícios do século XIX. Rapidamente, a partir dos exemplares ali plantados, disseminou-se pela cidade, pintando-a em tons de lilás. Na região nativa, esta árvore tem duas florações anuais. Em Lisboa, embora com temperaturas menos elevadas, é possível observar, alguns exemplares, em alguns anos, também duas florações, embora sem igual exuberância.

Atualmente, observam-se exemplares de jacarandás um pouco por toda a cidade, ora isolados, ora formando pequenos núcleos em alguns jardins ou ao longo de ruas, marcando a sua identidade.

Vale muito a pena, num final de tarde, percorrer as alamedas de jacarandás de Lisboa e observar a cor e a beleza que conferem à cidade.

A Avenida D. Carlos I é, sem dúvida, a artéria mais marcada pelo lilás dos jacarandás em flor. Mas também a Avenida da Torre de Belém, a Avenida do Restelo, a Avenida das Descobertas, a Avenida 24 de Julho, o Rossio (Praça D. Pedro IV), o Parque Eduardo VII, a Rua Castilho, o Largo do Rato, a Avenida 5 de Outubro ou o Jardim do Campo Pequeno (Jardim do Marquês de Marialva) são caracterizados pelos jacarandás. Mais recente é a existência desta espécie numa alameda com o seu nome no Parque das Nações e também na Alameda dos Oceanos.

Há poucos anos, na sequência da requalificação do eixo central, entre o Marquês de Pombal e Entrecampos, foram plantados jacarandás no separador central da Avenida Fontes Pereira de Melo. Existiam 73 exemplares, mas, infelizmente, pouco tempo depois, restam apenas 35, sem que os que morreram tivessem sido substituídos.

Como foi referido, os jacarandás produzem, durante a floração, uma substancia pegajosa, bastante incomodativa quando depositada nos automóveis ou até nos passeios. Mas esta não é a única árvore com características incomodativas. Tudo depende do local onde são plantadas. É inegável a importância das árvores nas cidades. Muito para além do embelezamento, cumprem funções essenciais, amenizando as temperaturas, conferindo sombreamento ou fixando substâncias poluentes. A questão é adequar cada espécie ao local mais conveniente. 

Os jacarandás são parte da identidade de Lisboa e devem ser considerados como tal. Importa, pois, escolher os melhores locais para os plantar e depois, acarinhá-los.

Eugénio de Andrade dedicou um poema Aos Jacarandás de Lisboa:

São eles que anunciam o verão.
Não sei doutra glória, doutro
paraíso: à sua entrada os jacarandás
estão em flor, um de cada lado.
E um sorriso, tranquila morada,
à minha espera.
O espaço a toda a roda
multiplica os seus espelhos, abre
varandas para o mar.
É como nos sonhos mais pueris:
posso voar quase rente
às nuvens altas – irmão dos pássaros –,
perder-me no ar.