O relatório de contas dos Jogos Santa Casa para 2020 ainda não foi divulgado mas, segundo o Nascer do SOL apurou, a pandemia teve um forte impacto nas receitas e as contas estão feitas. Por semana, registaram-se quebras na venda de jogos na casa dos 8 milhões de euros, o que totaliza menos 42 milhões de euros por mês, quebrando-se um ciclo de aumento da faturação, com aumento de verbas para todos os beneficiários, a que se vinha assistindo.
Em 2019, segundo o último relatório e contas disponível, a faturação bruta com os jogos sociais da Santa Casa atingiu o recorde de 3360 milhões de euros, uma subida de 8,5% face ao ano anterior, conseguida essencialmente com o aumento na venda de raspadinhas. De acordo com a Santa Casa, 97,2% das vendas são retornadas à sociedade, quer sobre a forma de prémios, quer sobre a forma remunerações pagas aos mediadores pelos apostadores, imposto do selo que incide sobre as vendas e sobre os prémios, resultados distribuídos aos beneficiários, deduções legais sobre as vendas brutas para promoção do desporto, patrocínios e investimento na promoção da legalidade e do Jogo Responsável.
Em 2020, só as raspadinhas tiveram uma quebra nas vendas de 16%, indicou no início de abril ao jornal i a Santa Casa Misericórdia de Lisboa, não adiantando na altura os montantes globais faturados em jogos, visto o balanço ainda não estar totalmente fechado – habitualmente é divulgado entre maio e junho.
Fruto desta quebra, a Santa Casa adiantava que no ano passado foram distribuídos pelos mediadores 210 milhões de euros e pelos diferentes beneficiários 620 milhões, contra 760 milhões no ano anterior, uma quebra assim de 140 milhões de euros no financiamento proveniente dos jogos. Por ordem de grandeza, os maiores beneficiários são o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (32,8%), a Santa Casa (26,6%) – verbas canalizadas para projetos de natureza social como lares e de saúde, como as unidades de cuidados continuados ou o novo projeto saúde oral gratuita para jovens até aos 18 anos em Lisboa – o Ministério da Saúde (15,70%) e o Ministério da Educação (10,29%).