Conta-me sobre o processo de fazer a Vamos Com Tudo, o hino da seleção, como reagiste quando te convidaram?
Basicamente, fazer a música do Euro, e uma música deste género, sempre foi algo que eu quis fazer. Eu joguei futebol até aos meus 18 anos, então sempre tive uma grande ligação com o desporto. Poder fazer uma música que representasse Portugal num momento tão importante a nível desportivo e que nós, portugueses, vivemos de uma maneira tão efusiva, sempre foi um sonho de criança. Já tinha feito uma música em 2016 quando fomos campeões europeus, mas não era a música oficial, com o Quaresma no videoclipe. Na altura fiz mesmo por vontade própria, porque queria fazer uma música que falasse de esperança numa fase tão importante. Há sete ou oito meses, sentei-me com a Federação [Portuguesa de Futebol], contei-lhes um projeto que tinha já pensado fazer que era uma música que tivesse uma mensagem muito importante nesta fase difícil que estamos a viver. A ideia era trazer um bocado de esperança, transmitir uma mensagem de união, também à volta da língua portuguesa, que é das mais faladas no mundo, mas que raramente se unifica na música. Sendo Portugal o único país que fala português a jogar no Euro 2020, queria que fosse uma música que unificasse artistas dos outros países que falam português a participar neste tema oficial do Euro, como se dessem força. Queria que esses países viessem torcer por Portugal. Então propus o projeto, e pouco a pouco fui entrando em contacto com os artistas dos diferentes países. O Preto Show, que representa os PALOP, e a Giulia Be e a Ludmilla que representam o Brasil. Além de ser uma música de festa, ao mesmo tempo tem esse objetivo de união da nossa língua e da nossa cultura. Estou muito contente por finalmente poder lançar a música.
Como foi trabalhar com a Giulia Be, Ludmilla e Preto Show?
Esse projeto já se incluía nas ideias da Federação Portuguesa de Futebol [FPF], a nível do trabalho que estão a fazer com a seleção e com o desporto nacional. O projeto da FPF baseia-se numa questão: depois da seleção de coração, qual é a seleção com a qual tens mais empatia? E a ideia é tornar a seleção portuguesa uma equipa com a qual o mundo inteiro tenha empatia, como acontecia com o Brasil há 15 anos. Até eu, depois da seleção nacional, aquela com que vibrava mais era a brasileira. Este projeto da FPF acaba por encaixar na ideia que eu tinha, e durante esses sete ou oito meses foi fazer ideias de brainstorming em que pudéssemos todos pensar o nome dos artistas, pensar na música, o videoclipe e o projeto todo.
Como escolheste os artistas que te iam acompanhar?
A escolha dos artistas foi nessas reuniões. Eu acabo por ter vários contactos no Brasil, por ter trabalhado com artistas lá, e fui falando com algumas pessoas. O que é engraçado é que foi instantâneo o feedback deles. Demorou pouco mais de um dia, e isso é que é bonito. Há essa sensação de vontade de ajudar Portugal nesta competição e de sentirem a seleção portuguesa muito da forma como nós sentimos. É algo que não me lembro de ter sido feito cá. Os latinos fazem muito isso, espanhóis a cantar com argentinos, chilenos, com porto-riquenhos… Na língua espanhola faz-se muito, em Portugal acho que é bonito e acho que vai ser desafiante, para unificar a língua e a cultura numa música e num momento chave do desporto que é o Euro 2020. Acho que só com isso já fico de coração cheio.
Onde foram buscar inspiração para a música e para a letra?
Basicamente, em fevereiro, quando comecei a trabalhar, fiz um writing camp, que consiste basicamente em juntar vários compositores e artistas num estúdio ou numa casa, em que cada um vai fazendo uma música do seu lado, e com uma grande equipa fomos todos escrever várias músicas até escolher aquela que achávamos que era a melhor para representar Portugal. O grande desafio foi fazer isso tudo, sobretudo na parte de pôr os convidados no videoclipe e a cantar durante a pandemia. Os artistas brasileiros não estavam cá, por causa das quarentenas. Eu fiz a música cá com artistas e amigos meus portugueses. A ideia era trazer o tema do futebol, e até pusemos o chavão do Cristiano, o ‘Siiim’. Mas também tem muitas outras frases a apoiar, muito à volta da ideia de que se formos ‘vamos com tudo e com todos’. A parte da criação foi rápida, mandei aos outros artistas, e inicialmente tínhamos pensado gravar a música e o videoclipe em Portugal, mas por causa da quarentena de 15 dias que tinham de fazer no hotel as pessoas que viessem do Brasil, acabou por não ser possível. Então decidimos fazer um videoclipe sobre como é que o Brasil também torce por Portugal. Há crianças na rua com camisolas de Portugal, a Ludmilla também… Já que não dava para estarmos todos juntos, queremos que no vídeo se note que o Brasil está connosco. E assim mostramos tudo.
Então a pandemia foi um entrave…
É óbvio que a pandemia dificultou tudo, mas é preciso arranjar forma de as coisas acontecerem, então pusemos três equipas a filmar o vídeo. Uma equipa em Portugal, uma em São Paulo, e uma no Rio de Janeiro, então traz algo fixe, com as imagens do Brasil, das pessoas a torcer por Portugal. Estas questões da pandemia dificultam na produção, mas também trazem coisas boas.
Que efeito esperam que este hino venha a ter na seleção e nos adeptos?
Se esta música tiver o mesmo efeito que eu senti em 2004 com o Força da Nelly Furtado… Para mim, essa é das músicas da nossa seleção mais bem conseguidas até agora. Talvez porque a competição foi feita em Portugal, então vivemos mais aquele Euro, mas se tiver o mesmo impacto que teve essa música… já fico satisfeito. O que sinto é que, nesta fase do Euro ou de Mundiais, é um momento em que as pessoas se desligam quase a 100% dos problemas e que parece que o país para mesmo. É positivo, as pessoas estão mais alegres… se correr bem (risos). Como eu gosto disto tudo a nível musical, tanto de fazer baladas, mas também gosto daquele pop mais urbano, mais mexido, acabo por me divertir imenso a fazer estes sons de festa. Acho que encaixa perfeitamente com a fase que vivemos durante os Europeus. É a minha maneira de me vingar de não ter feito carreira no futebol (risos).
Que hinos das diferentes seleções te ficaram gravados na memória até hoje?
Os de Portugal que eu me lembre mesmo, honestamente, é o da Nelly. Nos anos seguintes tivemos o I Got a Feeling, dos Black Eyed Peas, mas não teve tanto impacto, e espero que o nosso tenha mais impacto ainda.
O que significa para ti, como artista e como adepto de futebol, poder fazer o hino da seleção?
Para mim significa muito. Eu nunca mais joguei futebol. No início, na representação e na música, desliguei-me quase a 100% do futebol, porque o ritmo de vida não permite continuar a jogar. Mas tenho pena, porque adoro futebol, ainda ontem estava a ver a final da Champions, então ainda tenho essa ligação com o futebol, até por isso é que convido jogadores para entrar nos videoclipes. O Quaresma, o Nani, lembro-me que quando jogava futebol eram referências brutais, e então é a minha maneira de continuar ligado ao futebol. Mas eu prefiro o futebol de seleção. Os clubes não me puxam assim tanto, só se for em competições internacionais, só se for umas meias-finais ou finais, mas a nível de clubes não sou um grande seguidor. Nós decidimos lançar a música a 4 de junho porque eu disse que não podiam contar comigo para mais nada depois disso, quando começasse o Europeu. Eles bem que podem ligar, mas eu não vou atender, disse-lhes mesmo isso [risos].
Onde estavas tu no 10 de julho de 2016?
Em casa, quase a partir a televisão quando aleijaram o Ronaldo. O Payet, se me cruzar com ele na rua sou capaz de lhe dizer umas coisas [risos]. Estive quase para partir a televisão, mas fui logo para o Marquês. Fomos de carro, aquilo ao barrote, nem conseguimos chegar lá, só até perto do Ritz e tivemos de voltar para trás. Estou a pensar repetir o ritual. Se forem jogos importantes, tem de ser casa. Não sou nada supersticioso, há aqueles cantores que vão sempre para o palco com as mesmas meias e tal, e aí não sou, mas com o futebol sou.
Que superstições tens?
Tento ver sempre os jogos no mesmo sítio, se vi um jogo num sítio e a gente perdeu, tento nunca voltar a ver um jogo nesse mesmo sítio.
O que te parece que significou esse momento para os milhares de emigrantes portugueses na França?
Foi brutal. Tanto para eles como para mim, porque vivi grande parte da minha vida lá. Poder ganhar aos franceses na final, e lá, ainda por cima, foi brutal. França sempre foi uma seleção que nos trazia problemas. Ainda por cima estavam com o peito cheio, a achar que iam ser campeões europeus e, de repente, sermos campeões lá, da forma como foi também, aquilo foi uns nervos até ao fim. Da forma como aconteceu, deu ainda mais sabor.
Quando lá vivias, seguias a seleção portuguesa ou a francesa?
Para mim não há sombra de dúvidas, a seleção que vivo desde miúdo é a portuguesa. Quando vivia lá recebia muita picardia de miúdos na escola quando Portugal perdia. Em 2000 ou em 2002 perdemos nas ‘meias’ frente à França, e picavam-me. De repente, Portugal ser campeão lá… foi genial. E agora vamos repetir o confronto no grupo do Europeu.
Que outros momentos icónicos de ver a seleção te ficaram gravados na memória?
Lembro-me do Portugal-Espanha no Euro 2004. Esse eu vi no estádio mesmo, aliás nesse Euro só não fui aos jogos contra a Grécia. Lá está, daí o lado supersticioso. Os dois únicos jogos que vi na televisão, foram os dois que perdemos. Então ganhei um bocado esse lado supersticioso, que é que quando algo corre bem, manter sempre igual. Lembro-me de um jogo em que eu estava num concerto, não sei se foram as ‘meias’ ou os ‘quartos’, em 2016. Estava quase a subir ao palco, logo a seguir ao jogo, mas houve prolongamento. Mandei atrasar o concerto, por causa do prolongamento. E o público não se importou, porque estava tudo a ver o ecrã no palco. Naquele dia, o Quaresma marcou o golo que nos fazia passar [Croácia-Portugal, oitavos-de-final do Euro 2016, com golo de Quaresma aos 117 minutos], e tinha entrado no videoclipe, pronto, estava eu ali a saltar aos berros no backstage, até subi com a camisola da seleção.
Que previsões tens para este ano? Há fé no título?
Eu acredito que temos fortes probabilidades de a fase de grupos nos correr muito bem, porque temos das melhores seleções que já tivemos na história. A nível de jogadores posicionados em clubes internacionais estamos muito bem, temos o melhor do mundo… Acho que desse lado, estou confortável, agora estamos também no ‘grupo da morte’, e depois temos a Hungria, mas às vezes os challengers são aqueles que dão surpresas… Temos de estar muito atentos, mas acredito que vamos conseguir acabar em primeiro. Pelo menos vou torcer por isso.
Hoje em dia, olhando para trás, como é que achas que teria sido a tua vida se não fosse a lesão?
Eu ao longo da minha carreira fui fazendo sempre as coisas sem pensar muito no que é que ia acontecer, fui fazendo as coisas no feeling de: ‘olha, apetece-me fazer isto agora, ‘bora’’. As escolhas musicais, tudo foi muito à base do feeling. Fui indo para sítios que nunca pensei. Foi pouco a pouco. Não houve um plano de: ‘ok, agora vou fazer isto porque vai-me levar até ali e por aí fora’. Foi sempre à base do feeling. Na altura, eu era para ir estudar Economia, até porque era bom a Matemática. Acabei o futebol por causa da lesão, e depois fiz o casting para os Morangos com Açúcar, e disseram-me que tinha entrado. E eu disse: ‘Mas espera aí, isto é mesmo a sério? Eu só estava aqui pelas miúdas’. Na altura, estávamos todos juntos, e dizem: ‘David Antunes vai fazer de Lourenço, Gabriela Barros vai fazer de Marta’, e, naquele momento, estive quase para dizer que não queria nada daquilo. Eu fui lá porque havia miúdas bonitas no workshop e não tinha nada para fazer no verão [risos]. Como sempre fui muito envergonhado, fiquei naquela de que não era o momento certo, e passados uns dias ia marcar um café e dizer. Acabou por nunca acontecer, fiz os Morangos, e como tinha que cantar, decidi lançar um álbum porque estava a gostar da experiência. Foi tudo um bocado assim.
O que é que estarias a fazer se não fosse a música?
Não faço a mínima ideia. Só sei que seria infeliz, porque não me estou a ver a ter uma rotina de trabalho todos os dias igual. Nós das artes temos muita sorte porque os nossos dias nunca são iguais. Sei que, ao mesmo tempo, às vezes também tenho saudades desses quotidianos de ter os hábitos e as coisas sempre iguais, mas não me estou a ver nisso. Eu nunca pensei nisto [em ser artista], porque como já tinha o meu irmão que cantava e o meu pai também, achei sempre que era demasiado, eram logo três artistas na família. Como sempre fui o rebelde, o terrorista da família, sempre quis ser diferente. Então queria mesmo ser jogador de futebol, e foi mesmo a questão da lesão que me fez desistir.
Na altura ia passar para sénior, e é sempre uma transição complicada, e ainda mais ia ser. Então pensei que queria ter um emprego normal. Pensava que ia estudar Economia porque até gostava, até me inscrevi na [Universidade] NOVA. Mas passei por algo que muitos miúdos passaram. Eu só tinha um plano A, que era o futebol. Se não corresse bem, não sabia o que fazer. Há muitos miúdos que não sabem o que querem ser, e eu era um desses. Apareceu o casting dos Morangos e como não sabia… fui. Quando me disseram que ia para protagonista, olha, pronto, mesmo sendo péssimo ator na altura, se eles acreditavam, achei que devia ir e tentar. Na altura tive aulas de representação, tive um coach, então sempre me dediquei muito, mas nada foi planeado.
Quando dava para ir aos estádios, costumavas ir?
Prefiro ver no estádio. Sempre. Sentes mais, estar ali é outra coisa. Estar no estádio a ver e a sentir a energia das pessoas… Por exemplo, como já disse, ontem estava a ver a final da Champions, e mesmo pela televisão, tendo público nas bancadas, é completamente diferente. Ainda pensei em ir ao Dragão, mas tenho algum receio, quero ir com mais calma, e ir ficando em casa, a ver em família. Acabo as gravações da novela, e depois é tempo de estar em família e com amigos, e não quero arriscar.
Que semelhanças encontras, tu que tiveste essas duas vidas, entre a vida de futebolista e a vida de artista?
Há várias semelhanças. Como joguei futebol federado durante grande parte da minha infância, sempre tive muito presente a disciplina e o rigor do futebol, de não beber álcool, de não sair antes dos jogos, da importância de treinar. Se queres ter uma carreira na música que se prolongue no tempo, e cada vez mais se tem noção disto, é assim. Antigamente via-se os cantores como rock, sex e rock and roll, e hoje em dia já se tem uma consciência que um artista é como se fosse um atleta. A tua voz é o teu instrumento de profissão, e tens de saber ter cuidado com isso também. Se és um artista que canta e dança, há toda uma preparação física que há que fazer para poder cantar e dançar, para conseguir fazer as duas coisas. Se não, passas o concerto todo cansado, sem ar, e passas mal. Eu fui buscar muito disso ao futebol, esse lado da disciplina, de levar a profissão a sério e ter cuidado nas coisas que faço. O futebol é igual, profissionalizou-se e quem não for disciplinado e mega profissional, não aguenta muito tempo. E a vida de artista é a mesma coisa. Podes ter a sorte de ter um hit ou um álbum que explode, mas se não houver rigor, não acompanhas o ritmo e acabas por ser ultrapassado. Nós este ano, não houve concertos, esteve tudo parado a nível musical. Os artistas não tinham maneira de fazer concertos. Aquilo que eu decidi fazer foi fazer os concertos no digital, e é o que temos feito. Já fizemos dois ou três concertos, cada um com mais de um milhão e meio de pessoas que viram no YouTube, e é a maneira de te manteres presente, a produzir, e não parar. Isso só vem com a disciplina e pensar nas coisas e não só chegar ali e começar a cantar para o microfone.
E agora parece que vais adicionar aí uma terceira vida… Como tem sido essa vida de cozinheiro?
Estes dois anos foram muito difíceis, então no fim da primeira quarentena pensei que tinha de fazer algo. Tinha uma equipa com muita gente parada, e tinha de arranjar trabalho para essas pessoas e, pouco a pouco, fiz mais coisas ligadas à televisão, como a novela. Mas aí era só eu. Então com a produtora decidi fazer programas, inicialmente ligados à música, brincadeiras, entrevistas, e até culinária, em que visto o papel de host, e desses já fizemos dois, que é o Amor em Casa e o Bom para Portugal. Então pensámos num programa de culinária, mas não sou cozinheiro, e decidi assumir isso. Basicamente eu convido um chef, que tem 45 segundos para escrever a receita, e depois não me pode dar mais dicas. É puro entretenimento, é só ver como é que eu e o convidado vamos fazer uma receita que nem conhecemos bem. Tens um lado em que mostras às pessoas receitas fáceis de fazer, porque se eu consigo fazer, é porque são fáceis, e também tens entretenimento e brincadeiras, com um lado descomprometido. Pouco a pouco sente-se que vai haver concertos, mas mesmo assim quero manter esse lado de host, na televisão e na criação de conteúdos.
Onde foste buscar, nesta época de pandemia, a força e a motivação para continuar a fazer programas e te manter no ativo?
A grande base foi mesmo ver uma equipa toda parada. Nessa equipa comecei a ver pessoas que mudaram de profissão, e quando isso acontece pensas que logo que quando as coisas voltem a abrir queres poder contar com essas pessoas na produção dos concertos. É nesta fase difícil que eu, como capitão, tenho de conseguir aguentar o barco para toda a gente. Sempre fui uma pessoa de gostar de coisas novas, um bocado fora da caixa, e sempre tive vontade de me arriscar no mundo da TV. Como vejo vários programas do Jimmy Fallon, James Corden… são essas as influências que tenho, com a mistura da música. É algo até que pouco a pouco vai acontecendo mais em Portugal. A nossa televisão envelheceu muito. A programação, em alguns canais, envelheceu muito. Há outros que têm uma visão, e que arriscam mais, e que ganham mais por causa disso, e acho que a nossa televisão tem de ter essa revolução do digital. Há tanta coisa a acontecer nas plataformas, e que lá fora acontece na televisão também… nós aqui estamos habituados ao ‘isto funciona, não vamos sair daqui’, mas as pessoas estão cansadas. Eu próprio estou cansado, já não vejo televisão como via antigamente. A influência que fui buscar para fazer estes programas, e mais três que vão sair este ano, é mesmo essa de ter algo novo. Tenho dormido pouco, mas é uma coisa gira de ver. Inicialmente começamos com um, mas como o feedback foi positivo, fizemos mais.
Como se rejuvenesce a televisão?
Na televisão há sempre um lado mais difícil. Na Netflix és tu que escolhes o que queres ver, e na televisão é imposto, portanto logo à partida o trabalho é mais complicado. Há certos programas que podiam ser feitos, ou séries, para sair sempre do ‘chapa cinco’ que funciona há muito tempo, mas que podia apresentar muitas coisas novas. Eu consumo séries a torto e a direito, e há tantas histórias que podemos criar em Portugal, com atores portugueses, em que se pode fazer a ponte entre Portugal, Brasil e os PALOP. É um mercado da língua portuguesa que pode crescer e, em Portugal, podia haver a iniciativa de juntar atores dessas regiões da língua portuguesa e lançar um conteúdo que seja um estilo de ligação entre um canal português, um angolano e a Globo, por exemplo. Em Portugal podemos fazer isso, e até com isto do digital, também seria possível. Eu bebo muito da cultura francesa televisiva e do humor francês, e acho que há montes de programas lá, simples, só com seis ou sete pessoas à volta de uma mesa a falar da atualidade, mas com imensa piada. Isso cá vê-se pouco. Pouco a pouco vai-se vendo, e quando aparece é o recorde de audiências, e portanto acho que se devia arriscar mais por aí. Acho que nos próximos anos vão aparecer conteúdos novos e interessantes.
Com o hino para a seleção e o regresso aos palcos há umas semanas, poderá ser o início de um regresso aos álbuns?
No último ano, por causa da novela, estive parado a nível de álbuns e agora, este verão, vou parar um bocadinho. Tenho a música que sai no dia 4… mas vou ver. Se calhar volto a estúdio, mas quero tirar o verão para descansar. Tenho já três projetos na parte do entretenimento em andamento, ainda com a música do Euro… Mas a nível de álbum, não quero ir já para estúdio e fechar-me. Quero aproveitar o verão para estar com família e amigos. Depois, talvez lá para setembro ou outubro pense nisso.