Rui Reininho lança o primeiro álbum a solo desde 2008

Já está disponível o primeiro disco em nome próprio do músico Rui Reininho, desde 2008. “20.000 Éguas Submarinas” é o nome do novo álbum composto por 12 faixas, 37 minutos de música que, segundo o cantor é um “milagre”, que não é “um opus de despedida, mas de continuação”.

O músico do Porto, conhecido por liderar os GNR, afirmou em entrevista à Lusa, não ver este novo disco como um esforço a solo, pois se assim fosse em vez dos três anos que levou a ser concluído, seriam necessários “seis ou sete anos”, mas sim como “uma colaboração muito forte” com Paulo Borges, coprodutor e “o grande instrumentista no meio disto”.

Um conceito pensado por si, mas no qual a sua parte se limitou às percussões e vocalizações. “Tive um colaborador muito paciente, porque tenho consciência, ao fim destes anos, que sou cada vez mais uma pessoa muito limitada em termos do que gostaria de fazer na música. Uns são bons executantes, outros são bons compositores, outros são bons poetas e outros são apenas uns impostores. No meio disso tudo, tentei encontrar a minha 'persona'”, declarou.

Editado pela Turbina, “20.000 Éguas Submarinas” não tem uma estética pop rock característica dos GNR. O músico caracterizou-o também como “um disco um pouco excêntrico”, preferindo olhá-lo não como música experimental, ou "avant garde", nem como a “sua praia”, o pop rock, mas sim como “uma miscelânea”.

O disco é muito inspirado no mar, daí o trocadilho com o livro de Júlio Verne “20 Mil Léguas Submarinas”. O mar é uma “preocupação e proximidade de sempre” no trabalho do cantor, que lembra o escritor de ficção científica Arthur C. Clarke (1917-2008), e a ideia de que “descobrir o espaço é uma inutilidade, porque está tudo cá em baixo por descobrir”.

Tendo em conta a situação pandémica vivida em todo o mundo, Reininho considera que a responsabilidade de lançar um disco “ainda é maior”, pela “maneira como se toca as pessoas”, o que acabou por aumentar a necessidade de rapidez no lançamento do disco. “Estávamos ali mesmo atravancados, e pareceu-me necessário pôr esta voz cá fora antes que ela se canse”, revelou.

O disco, lançado pela Turbina, apesar dos “orçamentos muito caseiros”, explora os vários campos de influência do cantor, do lado experimental ao tema do mar, do pop rock ao trabalho de muitos anos com Jacomina Kistemaker, que visita regularmente na Galiza desde 2002.

“Tem sido para mim uma mentora, que me auxiliou em termos da voz. Fui lá para abrir a minha tessitura. Fui lá mostrar-lhe o disco e ela disse '‘que bonito, estes 'Animais Errantes' (título do ‘single’ de apresentação), estes jovens, o fazer as pessoas felizes, um a um, pouco a pouco’'. Acaba por ser importante e reflete-se na Humanidade”, contou.

“Para mim é um milagre vê-las (as 20 mil éguas submarinas) a sobrevoar, quais carneirinhos no mar. Neste momento, sou uma pessoa muito feliz. Não é um opus de despedida, mas de continuação”, resumiu.

Para isso, tem já alinhados vários dos “oito a 10 momentos” de apresentação do álbum, começando no Festival Aleste, no Funchal, em 26 de junho, seguindo-se passagens pelos Jardins Efémeros, em Viseu, mas também pela Culturgest, em Lisboa, o GNRation, em Braga, e a Feira do Livro do Porto.

Para além de Rui Reininho (vozes, gongos, taças e percussões) e Paulo Borges (piano, sintetizadores, programações e guitarras), “20.000 Éguas Submarinas” conta com a participação de Alexandre Soares (Três Tristes Tigres, Osso Vaidoso), Pedro Jóia, Tiago Maia, Eduardo Lála, Ruca Rebordão, Moisés Fernandes, Daniel Salomé e Jacomina Kistemaker.

Gravado entre 2018 e 2020 na LastStep Studio (Almada), por Filipe Trigo, Renato Grilo e Paulo Borges, “20.000 Éguas Submarinas” foi misturado por Francisco Grilo, com assistência de Filipe Trigo, e masterizado por Miguel Pinheiro Marques (ARDA Recorders).

Este percurso de dois anos que culmina no disco “20.000 Éguas Submarinas” ficou registado em documentário (“making of”), realizado por Bernardo Esteves, Ricardo Pesqueira e Rui Garcia da Costa e produzido pela Moonwalk Productions.