O Algarve foi uma das regiões do país mais afetadas pela pandemia devido à dependência do turismo. Vai ser difícil recuperar desta situação?
Está com dificuldades, mas as pessoas estão a trabalhar para investir no pós-pandemia. Há situações bastante complicadas devido ao desemprego. Há situações de fome. A nível social é uma situação complicada. Há famílias em que todas as pessoas trabalham na indústria hoteleira e foi tudo para casa. Mas acho que conseguiremos ultrapassar esta fase.
É preciso repensar algumas alguns investimentos depois da pandemia?
Sim. Vejo Portimão com uma cidade turística, mas tem de qualificar o destino. Tem de ser um grande resort. As pessoas têm de identificar aquele destino turístico como um destino de qualidade. Isso não acontece neste momento. Para isso é preciso fazer muitas mudanças a nível do espaço público, a nível dos comércio…
Quer atrair outro tipo de turistas?
O que temos são turistas com menos capacidade económica ao contrário de outros locais no Algarve. Se olharmos para Marbelha, que era uma coisa muito desordenada, tornou-se num resort turístico. É um bocadinho isto que quero fazer. Fazer com que as pessoas de Portimão possam viver melhor fruto da atividade económica, mas aumentado a qualidade do turismo. O turismo de qualidade não caiu tanto assim durante a pandemia. É preciso que as pessoas acreditem neste projeto. Temos um projeto para os próximos dez anos.
Quer estar dez anos na câmara?
Há uma equipa e é essa equipa que vai liderar esse projeto para colocar a cidade noutro patamar e com outro paradigma. Portimão tem um problema porque é uma cidade muito dependente do turismo. Tem de haver diversificação da atividade económica.
Foi deputado do PS durante vários anos, nomeadamente quando José Sócrates estava no poder. Foi apanhado de surpresa com o processo judicial em que ele está envolvido?
Toda a gente foi apanhada de surpresa, mas ele tem de explicar isso no sítio próprio. José Sócrates vai ser julgado e poderá ser condenado ou não, mas a verdade é que olho para essa altura como uma altura de grande desenvolvimento do país. Fizeram-se muitas coisas. Depois tivemos uma crise económica que mudou muita coisa. É preciso não esquecer que muitas das pessoas que hoje estão no Governo estavam com ele nessa altura. Não estamos a falar do processo judicial, estamos a falar do Governo. É inegável que houve um desenvolvimento do país.
É adepto desta aliança do PS com os partidos de esquerda?
O povo decidiu que deveria haver uma maioria com os partidos de esquerda. A politica é negociação. António Costa é um politico hábil e conseguiu pôr a funcionar uma solução que é inédita. Achei muito interessante esta solução. António Costa é um excelente primeiro-ministro. Tem uma rede de contactos a nível internacional importantíssima. Conseguiu desbloquear muitas situações a nível europeu devido à sua rede de contactos.
As eleições autárquicas podem ter influência na política a nível nacional?
Penso que não. Vai haver mudanças, mas são mudanças a nível local. Não faço uma leitura nacional destas eleições. O PS tem uma grande vantagem, porque não tem oposição. O PSD não está a conseguir fazer uma oposição aguerrida. Rui Rio é uma pessoa com algumas capacidades, mas não está no lugar certo. Não tem tido uma atitude que possa provocar danos ao Partido Socialista. O PS ainda tem a confiança das pessoas para se manter no poder.