O último dia da visita do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, à Europa vai ser marcado, esta quarta-feira, pelo primeiro encontro com um dos seus maiores rivais diplomáticos, o Presidente russo Vladimir Putin.
O encontro dos líderes políticos ocorre numa altura em que as relações entre os países está numa das suas piores fases, nomeadamente, depois da alegada intervenção russa nas eleições presidenciais de 2016 e 2020, os ataques à Ucrânia e a colocação de tropas na sua fronteira, a ocupação da Crimeia e o envenenamento e aprisionamento de Alexei Navalny.
Biden já tinha alertado, durante uma paragem no Reino Unido, que iria adotar “consequências robustas e significantes” caso a Rússia colocasse em prática “atividades prejudiciais”, nomeadamente se permitisse que o ativista opositor de Putin morresse, no entanto, especialistas citados pelo Guardian acreditam que estas tensões não serão suficientes para despoletar grandes confrontos entre os Presidentes, acrescentando que o encontro será marcado por discursos cuidadosos e “aborrecido”.
A própria mulher de Biden, Jill, confessou que o Presidente se encontra “demasiado preparado” para o encontro, cita o jornal inglês, e não existem grandes esperanças que a mentalidade russa sofra um “reset” e alterem os seus comportamentos, portanto, é esperado que, em vez de ataques semânticos, sejam discutidos assuntos como o controlo de armas, “possivelmente” a emergência climática e restabelecer uma rotina estratégia de diálogo entre oficiais americanos e russos.
“Cada líder pensa que conhece o outro bem, mas eles precisam de uma atualização e isso pode ser o mais significante em termos de baixas expectativas”, disse o professor de ciência política da Universidade Columbia, Robbert Legvolg, citado pela Al Jazeera, as administrações de Washington D.C. e de Moscovo vão repetir o mantra “sem avanços, sem ilusões, sem falsas expectativas”. “Isto pode não ser algo positivo, eles podem chegar à conclusão que não vão ser capazes de fazer mais acordos”, disse o professor.
“Não estamos à procura de conflitos”, alertou Biden, no domingo, escreve o Guardian”. “Em primeiro lugar, queremos resolver as ações que consideramos ser inconsistentes com as normas internacionais. Em segundo lugar, queremos perceber se podemos trabalhar juntos e se conseguimos fazê-lo em termos de doutrinas estratégicas. Estamos prontos para o fazer”, acrescentou.
Do lado russo, a NBC afirma que o Presidente Putin poderá considerar estabelecer este avanço no diálogo entre os países, contudo, tudo irá depender de como a reunião se desenrolar.
Limpar os estragos de Trump Apesar das baixas expectativas para este encontro, uma das grandes motivações para a administração de Biden é limpar a imagem que o ex-Presidente Donald Trump deixou no encontro de 2017, em Helsínquia, na Finlândia.
Neste encontro, a última vez que líderes destes dois países estiveram reunidos, Trump ignorou publicamente numa conferência de imprensa conjunta as conclusões das suas próprias agências de inteligência e disse acreditar no seu homólogo russo quando assumiu que Moscovo não interferiu nas eleições de 2016, o que causou uma grande controvérsia.
“O Presidente Putin disse que não foi a Rússia. Não vejo nenhuma razão para que tenham sido eles”, disse Trump aos jornalistas.
Por esta razão, e apesar de existir interesse por parte do Governo russo em voltar a repetir uma conferência de imprensa conjunta, avança o New York Times, o Presidente dos Estados Unidos vai dirigir-se sozinho aos jornalistas após a reunião com o seu homólogo russo.