Há uns 50 anos, os estudos de Estado-Maior nas FFAA portuguesas, incidiam num objetivo estratégico primordial: o reforço do poder nacional.
Este poder era apresentado como a resultante de vários poderes subsidiários entre os quais se contavam: o político (a capacidade de avaliação e decisão nacional e as alianças), o económico (agrícola/alimentar, industrial e comercial), o cultural (incluindo o técnico-científico), o militar, e a coesão e capacidade de mobilização nacional para a defesa da Pátria.
Lembro-me ainda de um Professor na matéria que se destacava pelas suas sistemáticas abordagens segundo o poder nacional, o prof. Adriano Moreira. Durante alguns anos, quando (ainda) havia algumas conversas na TV sobre o assunto, perante a ‘paisanice’ da generalidade dos oradores, Adriano Moreira voltava a dar lição. Infelizmente, nunca mais esse assunto foi abordado publicamente e Adriano Moreira desapareceu de cena, tal como o Poder Nacional. Na verdade, este foi, simplesmente, dissipado pela paisanice acéfala e serventuária que nos tem governado, independentemente dos matizes pseudointelectuais em que se desdobram.
O poder político foi esquartejado em doses variáveis segundo os empregados de turno no ‘desgoverno’, repartindo-se entre a CIA, a banca e as transnacionais, os ingleses, os ‘espanholitos’ e, talvez em último lugar, a União Europeia, a quem estamos ligados pelo tubo da sobrevivência metido na veia.
O poder económico, simplesmente desapareceu, já que nem chega para comermos o pequeno-almoço. Só tem de ‘nosso’ as terras dos camponeses que o capital estrangeiro ainda considera «não terem condições de competitividade no mercado internacional». (Há uns bons anos, um secretário de estado da defesa dizia que em vez de termos produção interna de rações de combate era mais barato comprarmos a Espanha. Comentário: assim os espanhóis conquistavam-nos sem um tiro, só pela diarreia!).
O poder militar, coitado, está reduzido à produção de ‘gurkas nacionais’ para limpar as casernas nas ações internacionais da Nato ou para alugar aos franceses na defesa dos seus interesses na África onde passam as caravanas de camelos (algumas vezes com a droga para a Europa). Como sintoma desse ‘poder’ veja-se, a propósito da mais recente ‘reforma’, o grau de dissociação entre as chefias militares, incluindo o general Eanes, relativamente ao ‘poder político’. É mais do que claro que esta reforma foi ditada do estrangeiro (como a dos navios para a GNR) e visa comer os nossos parcos direitos – antiga ‘soberania’ – sobre os recursos nacionais, incluindo a ZEE atlântica.
O poder cultural acabou com o último dos fadistas reconhecidos, o Carlos do Carmo. Resta-nos ainda o Ronaldo no futebol (e o Guterres na ONU…)
Quanto à coesão e à capacidade de mobilização patriótica, que enfado, como se da Unidade e não da Competitividade viesse o ‘progresso’… ou, ainda, se o patriotismo fosse moeda circulante na pós-modernidade…
No mapa de Portugal constam só algumas capitais, como centros de consumo e de ‘bronzeamento da estrangeirada’; de resto, só há os vazios (territoriais e humanos) das ‘províncias’, atravessadas por umas linhas estreitas das novíssimas autoestradas por onde chegam as mercadorias ‘de fora’, muitas delas produzidas por ‘escravos nepaleses’.
E não vão ser os ‘patriotas ibéricos’ do novo movimento criptofascista (ibérico) dos ‘rurais e tradicionais’ que vai mudar as coisas, antes pelo contrário. Por isso, vergonha para aqueles que, de novo, se dispõem a acabar com Portugal entregando-o à direção dos ‘latifundiários tradicionalistas’ espanhóis.
Os episódios recentes daquela multidão de bêbados ingleses no norte, do posterior ‘fecho’ inglês às deslocações, e o dos espanhóis a ‘defenderem-se’ do ninho de covid que os primeiros cá deixaram, mostra bem aquele ditado popular que diz: «Quanto mais te agachas mais se te vê o…». Ou ainda o outro: «De Espanha, nem bons ventos nem bons casamentos!».
O caminho a percorrer é ao contrário, portugueses! Pela Construção e Defesa de um Portugal Digno e Soberano!