As audiências televisivas levadas a cabo pela GfK – escolhida pela Comissão de Análise de Estudos de Meios (CAEM) – continuam a levantar suspeitas. O Nascer do SOL sabe que a TVI está pensar em pedir uma auditoria para tentar perceber se os números apresentados serão mesmo fidedignos. O nosso jornal sabe também a RTP pediu essa auditoria e a CMTV também tem reservas quanto aos dados apresentados.
Em causa estão os números apresentados relativamente às audiências que colocam a TVI em segundo lugar.
Ao que o nosso jornal apurou, a TVI «considera de enorme gravidade para o mercado a existência de indicadores inexplicáveis com mudanças abruptas de resultados e com informação inconsistente e desajustada». Isto significa que, a estação de Queluz pretende ver esclarecidas as fundadas dúvidas e suspeitas que tem sobre «graves lacunas» relativamente a procedimentos e práticas que têm sido prosseguidos no quadro da operalização do regime que suporta a medição de audiências dos canais RTP, SIC, TVI e dos restantes canais de cabo.
A TVI volta a questionar, sabe o Nascer do SOL, o facto de a diferença de audiências para o concorrente que se encontra em primeiro lugar – a SIC – ser menos significativa caso essa medição fosse feita pelas operadoras. Estes são alguns dos vários pontos que levaram o canal a pedir a auditoria que deverá incidir, no mínimo, sobre os últimos 12 meses e que ainda ser levada a cabo por uma entidade de qualidade e independência. Além disso, deverá merecer o envolvimento e o parecer dos três canais generalistas.
Desconfiança não é nova
Recorde-se que, tal como o Nascer do SOL já tinha avançado no passado mês de abril, as audiências televisivas estão sob suspeita. Isto porque os números das audiências divulgados pela GfK não batem certo com o impacto dos programas nas redes sociais nem com os registos das operadoras. E os lares com TVpor cabo já são 90% (cerca de 4,5 milhões) enquanto o mercado continua a reger-se por uma amostra de 1100 audímetros.
Já por essa altura a TVI tinha demonstrado a sua desconfiança, principalmente comparando as audiências finais com o buzz das redes sociais: «Temos efetivamente detetado essa discrepância. Em que programas, como por exemplo o All Togheter Now, ou o programa Cristina ComVida, teve enorme destaque nas diferentes plataformas digitais, sem comparação possível com os programas concorrentes diretos, e depois verificamos que tais dados não têm qualquer correspondência com os níveis de audiência referidos», começou por confessar o canal de Queluz.
Sobre o facto de as audiências se regerem unicamente pelos 1.100 aparelhos espalhados pelo país, e não através das diferentes boxes, que ocupam cerca de 90% dos lares dos portugueses, o canal não mostra dúvidas: «É uma questão que deve merecer uma profunda análise e reflexão. O ideal para o mercado é a existência de um painel o mais fidedigno e o mais abrangente possível».
Ainda assim, a estação não se mostra a satisfeita com eventuais discrepâncias nos resultados. «O que não pode acontecer é a existência de uma diferença significativa entre os resultados desse painel representativo com os dados quantitativos concretos de um universo de utilizadores bastante mais amplo», afirma o canal, que refere que tal situação representaria «a existência de uma distorção e não garantia ao mercado a necessária informação rigorosa e credível».
E sobre um possível aumento do número dos dispositivos instalados nos lares dos portugueses, o canal vai mais além, garantindo acreditar que, «mais importante do que alargar o número de participantes do painel, é garantir o cumprimento das regras de gestão do painel e o rigor e transparência com que os dados são recolhidos, tratados e reportados».
Já a CAEM, referiu ao Nascer do SOL que «a medição de audiências de televisão , em Portugal, como na esmagadora maioria de países em todo o mundo, onde existe televisão, é feita a partir de um painel de lares (1.100 em Portugal)» e que, por isso «a representatividade estatística desta amostra é assegurada pela aleatoriedade da base do seu processo de recrutamento, da sua proporcionalidade em variáveis como a região, o tipo de habitat (n.º de habitantes ), dimensão do agregado familiar e acesso a TV por subscrição e estrato social, além do controlo de variáveis individuais como sexo, escalão etário».
Fernando Cruz, diretor Executivo da CAEM, acrescentou ainda que «a representatividade estatística desta amostra é o que permite a extrapolação dos dados de audiência recolhidos no painel para a totalidade da população, com segmentação sociodemográfica dos indivíduos que visionam televisão, com dados de minuto a minuto de 150 canais».