Os nove independentistas da Catalunha, presos após uma tentativa de autodeterminação desta região em 2017, vão receber indultos por parte do Governo espanhol, anunciou o primeiro-ministro, Pedro Sánchez, numa tentativa de virar a página e encontrar uma solução para a questão territorial que ainda divide o país. Segundo o primeiro-ministro a decisão tomada foi “a melhor para a Catalunha, a melhor para a Espanha e a mais consentânea com o espírito de harmonia e coexistência da Constituição”.
Recorde-se que os indultos aplicados são parciais uma vez que, apesar de permitir a libertação da cadeira, continuam a impedir os líderes políticos detidos de se candidatarem a cargos políticos.
Entre os nove, que estavam condenados a uma pena entre nove a 13 anos, encontram-se seis membros do antigo Governo da Catalunha, que não fugiram de Espanha, o porta-voz do parlamento regional e dois ativistas influentes, refere o Guardian.
Sánchez acrescentou ainda que estes indultos demonstram a “grandeza” da democracia e apelou a “aqueles que a questionam para também demonstrarem a sua [grandeza]”, uma alusão ao movimento de independência catalão, ao qual ofereceu o “regresso à via que não deveria ter sido abandonada”.
Reações mistas A decisão está a dividir a sociedade e o Governo. Os apoiantes pró-independência consideram os indultos como “insuficientes” e apelam à concessão de uma amnistia, enquanto a oposição acusa esta medida de ser um “golpe para a democracia”.
Dias antes desta decisão ser oficializada, o Presidente catalão, Pere Aragonès, afirmou que uma amnistia para os líderes separatistas detidos é um “primeiro passo” na causa independentista. “O indulto é uma solução parcial e incompleta. É verdade que se trata de um passo, que pode permitir a liberdade dos presos políticos atuais, não negaremos. Mas também é verdade que temos de sublinhar que ainda há muitas causas pendentes”, disse Aragonès à Euronews.
O antigo Presidente da região, Carles Puigdemont, organizador do referendo que iria permitir a Catalunha declarar a independência e que continua a viver exilado na Bélgica depois de ter fugido de Espanha para evitar ser preso, afirmou que os indultos do Sánchez “não enganam ninguém”, e servem apenas para o primeiro-ministro espanhol se “exibir”, cita o Guardian.
Entre os próprios detidos, a decisão também não foi recebida com incerteza. Um dos líderes condenados à cadeia, Raul Romeva, pelo seu papel como líder da política internacional garante que a região iria continuar a lutar pela autodeterminação. “Ao perdoar nove pessoas [o Governo espanhol] não vai esconder a repressão que continua a exercer a centenas de separatistas. Não vamos parar de lutar, amnistia e autodeterminação!”, escreveu no Twitter.
Os partidos da oposição de Madrid já afirmaram que estão contra os indultos e vão recorrer ao tribunal para impedir esta decisão.