Sem honra nem glória

Um dos motivos do nosso crónico atraso é a falta de exigência crítica nas tarefas em que nos envolvemos, havendo sempre a preocupação de nos desculparmos, recorrendo a justificações sem sentido, sempre que não conseguimos cumprir os nossos objectivos.

Foi precisamente o que se verificou com o naufrágio da selecção de futebol! Sim tratou-se, sem dúvida alguma, de um verdadeiro naufrágio!

Ostentávamos, com orgulho, o título de campeões europeus, e foi nessa condição que nos propusemos renová-lo, criando legítimas expectativas junto das legiões de apoiantes do futebol português, as quais se movem no seio de todos quantos falam a nossa língua, ou porque por aqui nasceram ou pelo passado histórico a que estão vinculados para sempre.

E os nossos jogadores desiludiram-nos!

Na verdade, não se compreende os elogios à sua prestação neste campeonato, que para eles acabou demasiadamente cedo, roçando mesmo o ridículo as mensagens de parabéns que lhes têm sido endereçadas, como se tivessem ganho coisa alguma.

Os parabéns dão-se nas vitórias! Nas derrotas assume-se o falhanço e trabalha-se logo para corrigir os erros que estiveram na base do desaire.

Há que o reconhecer, a selecção portuguesa esteve bastante mal neste Europeu, não tendo sequer conseguido uma única vitória perante os três adversários que, tal como nós, partiam como candidatos ao título que defendíamos.

Com a Alemanha, houve medo. O tal medo irracional, que, em praticamente tudo na vida, nos leva a pormo-nos em bicos de pés perante os poderosos, quase que pedindo perdão por ousarmos enfrentá-los.

Salvámo-nos de uma humilhante goleada, porque os alemães refrearam o ímpeto, certamente para se pouparem para as partidas seguintes.

Com a França não fomos audazes, porque nos contentámos com um empate, desistindo de lutar por uma vitória que nos teria livrado de um adversário temível na jornada posterior, como veio a acontecer.

E a nossa sorte foi que aos franceses igualmente lhes bastava um empate para atingirem os seus objectivos, razão pela qual também eles se conformaram com o resultado, retraindo-se nos momentos finais do jogo.

Com a Bélgica, diz-se que fizemos uma excelente segunda parte, mas, na verdade, criámos apenas uma ou duas jogadas de perigo. O resto foi bolas bombeadas, sem nexo, para cima da baliza adversária, onde a elevada estatura física dos belgas se impunha aos nossos propósitos.

Não, a selecção não está de parabéns, bem pelo contrário, desta vez não dignificou o nome de Portugal, obtendo mesmo a pior prestação de sempre em fases finais de Europeus.

Mas, e sobretudo, também não está de parabéns pelo espectáculo execrável em que se deixou enrolar, quando os seus jogadores, no início da última partida, se ajoelharam perante uma causa política extremista, nada consentânea com os valores da tolerância e do respeito pelo próximo nos quais assenta a nossa cultura.

Sejamos claros, ajoelhar é um acto de submissão ou de vassalagem.

Os crentes ajoelham-se perante Deus, submetendo-se à Sua vontade, sem a questionar.

Os vassalos ajoelhavam-se perante o seu Rei, aceitando a sua autoridade, sem a pôr em causa.

A luta contra o racismo não se alcança com gestos burlescos de submissão e de vassalagem a movimentos radicais que mais não procuram do que dividir a sociedade, mas sim com uma adequada educação que nos leve a respeitar todos como iguais.

Tratarmos todos de forma cordial e respeitosa, independentemente da côr da pele, das origens sociais, da orientação sexual, das simpatias políticas e da crença religiosa, não se impõe, ensina-se!

As imposições geram contestação, pelo que o comportamento que se pretende corrigir acaba  quase sempre por resultar num efeito contrário, conduzindo à prevaricação e à desobediência, incluindo por parte de quem nem sequer se revê nas atitudes que acaba por adoptar.

Os jogadores, ao pousarem um dos joelhos na relva e erguerem o punho direito, em nada contribuíram para uma causa em que acreditam, mas sim deixaram de representar um todo, que são os portugueses na sua generalidade, para se identificarem apenas com uma parte, a que pretende subverter o estado de direito.

Sim, os Black Lives Matter não passam de um grupelho terrorista no qual se agrupam   criminosos confessos, profundamente racistas, que espalham o ódio sobre os brancos, catalogando-os como seus inimigos; são responsáveis por intermináveis actos de selvajaria, que incentivaram e nos quais participaram activamente, destruindo, a seu belo-prazer, património público e bens privados; e têm estado directamente envolvidos na morte de dezenas de inocentes.

Além de mais apregoam o ideal marxista-leninista, pelo qual se batem, refugiando-se na suposta cruzada contra o racismo para camuflarem os seus verdadeiros objectivos, que se resumem à instauração de um Estado ditatorial e totalitário, assente numa ideologia responsável pelos mais bárbaros crimes cometidos contra a Humanidade a que o mundo já assistiu.

O símbolo que os caracteriza, e que adoptaram como imagem de marca, consiste em se ajoelharem com um só joelho e erguerem o punho direito em direcção ao céu, precisamente o mesmo gesto que os nossos jogadores entenderam por bem imitar, solidarizando-se, dessa maneira, não com aqueles que sofrem na pele os efeitos de comportamentos racistas, mas sim com aquele movimento radical e extremista.

Dos homens que foram chamados a vestir a camisola das quinas, representando, dessa forma, uma Nação milenar que nada tem a aprender com qualquer outra, exige-se apenas que joguem futebol, gastando todas as suas energias dentro do campo, e não se emaranhem em actividades de carácter político, por mais nobre que sejam as suas intenções.

Infelizmente praticaram um futebol sofrível e ofereceram o seu apoio público a uma organização terrorista, protagonizada por gentes com as mãos manchadas de sangue, pelo que regressaram a Portugal sem honra nem glória.

Marcelo fez questão de se deslocar ao local onde toda a comitiva se concentrou para se solidarizar com os jogadores. Apesar do exagero do seu envolvimento em todo este processo, há que reconhecer que também na hora da derrota deve haver uma palavra amiga de incentivo e ânimo, sobretudo com o objectivo de os encorajar para as etapas seguintes.

Mas agora espera-se de Marcelo que cesse, em definitivo, a sua faceta de comentador desportivo e recupere as suas funções de Chefe de Estado, tão adormecidas nas últimas semanas.

Exige-se de Marcelo que agora se concentre em Costa e veja bem o que ele anda a fazer!

 

Pedro Ochôa