O Presidente da República considerou, esta sexta-feira, que as medidas ontem anunciadas pelo Governo para combater a pandemia são "muito equilibradas" e fazem um "grande esforço de colagem à realidade".
"Pareceram-me muito equilibradas e até fazendo um grande esforço de colagem à realidade, procurando fórmulas em temas sensíveis, como a restauração", disse Marcelo, em declarações aos jornalistas em Vila Flor, Bragança. "Enfrentar a crise pandémica exige convergência", sublinhou.
"As medidas são novas e como todas têm de ser testadas. Mas revelam procura de soluções diferentes que tomam em consideração a realidade: como vamos tentar fazer funcionar isto salvaguardando a saúde pública", disse o chefe de Estado, que voltou a afastar um possível retorno ao estado de emergência.
"Olhamos para os números. Os números hoje mostraram que, naquilo que é muito importante para a vida dos portugueses, há uma relativa estabilidade no número de mortos e há uma dimensão também até agora estável nos internados e nos cuidados intensivos", reiterou.
Segundo o chefe de Estado está prevista para o próximo dia 27 de julho uma "sessão epidemiológica" destinada a avaliar a evolução da pandemia no país e a "olhar para agosto".
Recorde-se que ontem o Governo anunciou que, a partir das 19 horas de hoje, passa a ser exigido um teste negativo à covid-19 no acesso a restaurantes nos concelhos de risco elevado e muito elevado, aos fins de semana e feriados. Este comprovativo será também obrigatório no acesso a estabelecimentos turísticos e de alojamento local em todo o território nacional, todos os dias da semana.
O Presidente comentou ainda o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Para Marcelo "foi o plano possível, nas condições possíveis". "Foi feito em contrarrelógio, em seis meses, quando ainda se pensava que a pandemia durava até ao fim do ano passado, com as contas correspondentes", disse.
"É natural que haja quem entenda que o PRR por si só devia ser uma realidade diferente. Por isso tenho dito que se deve juntar ao quadro financeiro plurianual, que não tem as limitações do PRR. Ouvi os lamentos de não haver mais setor privado, os queixumes (…) Não é o plano ideal, mas é o plano que temos e que temos de executar o mais possível num tempo curto, se não o dinheiro perde-se. Não há planos ideais", atirou.
Questionado também sobre uma possível remodelação governamental, Marcelo não quis tomar uma posição.
"O Presidente da República não tem de ter opinião sobre essa matéria. Isso é uma opinião que compete ao primeiro-ministro", rematou.