Os tumultos foram regra na ilha de Cuba, onde milhares se juntaram a um protesto nacional contra o governo comunista.
Há décadas que não se registavam protestos destas dimensões e os mesmos foram reprimidos com o uso de violência policial e detenções, como noticiaram vários meios internacionais.
“Pátria e vida”, “Abaixo a ditadura” e “Nós não temos medo”, foram os gritos de guerra dos milhares de jovens que tomaram as ruas de San Antonio de los Baños, a pequena cidade com cerca de 50 mil habitantes, situada a 35 quilómetros de Havana, onde começaram os tumultos. Seguiram-se protestos em Palma Soriano, perto de Santiago de Cuba, e rapidamente as frases “chega de mentiras” e “queremos ajuda” se alastraram por todo o país.
As fracas condições económicas (a economia do país diminuiu em 11% no ano passado), as restrições colocadas sobre a liberdade individual dos cubanos, fruto de uma ditadura que se alonga há décadas, e a gestão da pandemia da covid-19 foram os motes que levaram aos protestos, que exigiam maior rapidez no programa de vacinação contra o novo coronavírus, entre outras mudanças na governação do país. Cuba registou recentemente cerca de sete mil novos casos diários de covid-19 e 47 mortes relacionadas com a doença.
Como resposta, o Presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, fez um chamado aos apoiantes do governo para realizarem uma contra-manifestação. “A ordem para lutar foi dada. Para as ruas, revolucionários!”, disse o líder do executivo, acusando as manifestações contra o seu governo de serem provocações de mercenários contratados pelos Estados Unidos da América para desestabilizar o país.
Julie Chung, diplomata norte-americana responsável pela América Latina, expressou as suas preocupações através do Twitter. “Defendemos o direito do povo cubano à reunião pacífica. Pedimos calma e condenamos qualquer violência”, alertou a mesma.
Desde 1994 que não se ouvia falar em manifestações em grande escala em Cuba, após o “Maleconazo”, quando milhares de cubanos protestaram contra o governo da ilha, que caíra em crise após o colapso do seu maior aliado, a União Soviética.