A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) suspendeu a negociação das ações da SAD do Benfica na bolsa portuguesa durante quase duas horas. Ao que o i apurou, o regulador dos mercados desconfiou que os títulos pertencentes a José Guilherme e à Quinta dos Jugais – de António e Pedro Martins – são de José António dos Santos (mais conhecido por “Rei dos Frangos). O i sabe que a entidade liderada por Gabriela Figueiredo Dias entende que foi violado o direito de informação, o que é considerado crime.
Para justificar esta suspensão, o regulador revelou que “face a estas ocorrências, a CMVM tem estado a proceder a averiguações no sentido de assegurar a disponibilização ao mercado de toda a informação relevante relativamente à governação e à estrutura acionista atual da Benfica SAD. Em concreto, a CMVM tem vindo a solicitar esclarecimentos e, sempre que aplicável, a prestação de informação ao mercado a Luís Filipe Vieira, José António dos Santos, John Textor, José Guilherme, Quinta de Jugais e ao Sport Lisboa e Benfica”, disse em comunicado.
E lembrou que “existem fortes indícios de que o acionista José António dos Santos, a quem eram imputáveis cerca de 16% do capital social da Benfica SAD, celebrou contratos promessa de compra e venda de ações, ainda que sujeitos a condição suspensiva, com outros titulares de participações qualificadas, que elevam a sua participação qualificada para medida superior a 20% e que poderão ter como efeito a redução muito significativa ou extinção da participação qualificada desses acionistas (entre os quais José da Conceição Guilherme e Quintas dos Jugais, Lda.)”, acrescentando que existem “fortes indícios de que José António dos Santos celebrou um acordo de compra e venda com um terceiro, John Textor, tendo por objeto a alienação de uma participação de 25% que José António dos Santos reuniria”. E de acordo com o regulador, nenhuma das referidas transações foi objeto de comunicação.
Ainda assim, poucas horas depois, a CMVM decidiu levantar a suspensão das negociações das ações da SAD do Benfica na bolsa portuguesa. Os títulos acabaram por fechar a sessão de ontem a valorizar 4,17% para os 3 euros por ação, num dia em que se registou uma “corrida” muito superior ao que é normal aos títulos dos encarnados, com os investidores a aproveitarem as fortes quedas sentidas na semana passada.