Bastonário diz que vacinação covid-19 obrigatória é “um não assunto em Portugal”

Miguel Guimarães diz que obrigatoriedade não respeita a Constituição.

O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, defendeu, esta terça-feira, que tornar obrigatória a vacinação contra a covid-19 "é um não assunto em Portugal", pois seria contra a Constituição, além de que existe uma boa adesão à vacina.

"A imensa maioria dos profissionais de saúde, para não dizer a quase totalidade, aceitou ser vacinada. Portanto, é um problema que não se coloca no nosso país", disse Miguel Guimarães, em declarações à agência Lusa, na sequência de o Presidente francês ter anunciado que a vacinação contra a covid-19 vai passar a ser obrigatória, a partir de 15 de setembro, para todos os profissionais de saúde, uma decisão também tomada pela Grécia.

"Tem havido uma adesão muito importante dos profissionais à vacina e eu nem conheço nenhum médico que tenha recusado a vacina, não quer dizer que não haja, mas não conheço", afirmou o bastonário, que sublinhou o facto de na Grécia a "taxa de recusa de 40%” significa que “algum trabalho não foi feito" por parte do Governo.

Para Miguel Guimarães, o importante é "educar as pessoas, motivá-las para aceitarem serem vacinadas, porque a vacina é extraordinariamente importante para combater a pandemia, é fundamental para se conseguir rapidamente controlar a situação de uma forma eficaz".

A obrigatoriedade da vacina contra o novo coronavírus colide com os direitos, liberdades e garantias "consagrados na Constituição" e aplicar a medida a profissionais de áreas específicas "cria iniquidades dentro de vários grupos na sociedade, o que é terrível", sublinhou Miguel Guimarães.

A mensagem que deve ser promovida é a de que "a vacina é segura, tem um impacto brutal no curso da pandemia" e reduz bastante a doença grave e a letalidade em caso de infeção.