E agora?

Os problemas da gestão da saúde dos portugueses são uma gravíssima questão económica. Serão um peso imenso no futuro próximo.

Os próximos tempos vão ser muito difíceis. Claro, vamos ter dinheiro europeu e projetos mais ou menos significativos e a queda foi tão grande que só nos resta crescer.

Quanto e como, com que diferencial positivo ou negativo perante os nossos parceiros?

Modificando o país ou remendando?

Satisfazendo clientelas ou aceitando o risco?

Seja como for, o estado em que nos encontramos e a perda de riqueza não auguram nada de bom.

Pode o primeiro-ministro falar das virtudes da presidência portuguesa, da preocupação social, da descarbonização.

Estimam-se horizontes temporais alargados para qualquer resultado nestes campos.

Mas este é o nosso tempo, o imediato, o inadiável.

Como vamos recuperar o turismo e a economia e a saúde?

Quantas empresas sobreviverão, quantos empregos se recriarão, quanto custa e como se podem retomar, com normalidade, os cuidados de saúde gerais dos portugueses.

É sobre isto que convém ouvir o governo.

Não é perder tempo com um executivo sem chama, não é insuflando vida em cadáveres adiados, não é desconversando ou aproveitando uma qualquer apresentação de candidatos para zurzir na oposição.

E também não é prometer o impossível.

Quando se ouviu o primeiro dos ministros anunciar, anos atrás, que cada português iria ter o seu médico de família ou quando se ouve, hoje, o presidente da Câmara de Lisboa prometer a gratuitidade das creches sente-se que estamos na mesma.

E, principalmente, espanta-nos como se consegue alegar, no primeiro caso, que a culpa é das aposentações dos médicos ou do aumento do número de utentes.

Alguém não fez o seu trabalho, alguém se esqueceu de planear, alguém se esqueceu de prever e pensar soluções.

Ou quando se esquece como sempre se adiou o aumento de oferta pública das creches.

A pandemia tem as costas largas.

O SNS não chega para as encomendas do dia a dia.

Já antes acumulava atrasos.

Sairá deste tempo com maiores problemas e menor capacidade de resposta.

Absurda conclusão.

Não chega ter mais gente, esse objetivo será até, em muitos casos, irrealizável.

Apesar de tudo, as instituições de saúde privadas e sociais concorrem, inevitavelmente os profissionais de saúde sentirão apelo à emigração.

Portanto, a preocupação deve ser ver mais longe.

Reorganizar os serviços, ligar centros de saúde a hospitais, aceitar a colaboração dos privados.

Por melhor que ele seja, o SNS não pode ser a única resposta, não vive sozinho, não permite compartimentos estanques.

Em tempos de exceção ou em tempos normais é urgente repensar o todo.

É para este tipo de coisas que os governos existem.

Não se podem limitar ao estatuto de comissões eleitorais, de influenciadores de opinião, de fiscais da liberdade de expressão.

Os problemas da gestão da saúde dos portugueses são uma gravíssima questão económica. Serão um peso imenso no futuro próximo.

Confesso que não percebo porque é que os partidos da oposição não conseguem impor este tema, alargar a sua discussão, explicar o erro.

Com ou sem o estudo da Ordem dos Médicos, a evidência grita.