O antigo presidente do Banco Espírito Santo de Investimento (BESI) José Maria Ricciardi garantiu esta terça-feira desconhecer a sociedade offshore ES Enterprises, afirmando ainda que só soube da sua existência pelos jornais, na altura do colapso do Grupo Espírito Santo (GES).
“Não conhecia a ES Enterprises. Vim a tomar conhecimento dessa empresa pelos jornais, creio que já depois de 2014”, garantiu na terceira sessão do julgamento do processo separado da Operação Marquês, onde responde por três crimes de abuso de confiança, devido a transferências de mais de 10 milhões de euros.
O primo de Ricardo Salgado reiterou ainda que “qualquer decisão” no GES “dependia do acordo do Dr. Ricardo Salgado”, então líder do BES. “Não havia uma operação financeira do grupo que não fosse sem o acordo dele”, frisou.
À saída do Tribunal, Ricciardi disse aos jornalistas que não havia “escrutínio e transparência” na forma como o GES era gerido por Ricardo Salgado.
“Referi ao tribunal como o grupo era dirigido, como estava organizado, quem mandava e de que forma, não vou entrar em pormenores. Respondi com aquilo que vi, assisti e vivi”, disse.
E acrescentou: “Já tinha oportunidade noutros fóruns, como na CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito], de entregar um documento sobre a forma como a governança era realizada, e a minha oposição. Isso é público, entendi que não havia o devido escrutínio e transparência”.
Sobre o primo, o gestor referiu: “Nunca mais me cruzei com Ricardo Salgado em lado nenhum. Não tive essa oportunidade. Se ele falar, eu falarei”, acrescentando não ser “uma questão de problema de relação. As nossas vidas seguiram caminhos diferentes e não nos encontrámos fisicamente. Mas não estou de relações cortadas, não sei se ele estará. Estou a falar pela minha parte”.