O homem mais rico do mundo, Jeff Bezos, viveu o “melhor dia” da sua vida depois de ter completado com sucesso uma viagem ao espaço no foguete New Sheppard, cuja tripulação incluía ainda o seu irmão, Mark Bezos, o estudante holandês Oliver Daemen, de 18 anos, e a ex-piloto norte-americana Wally Funk, de 82 anos.
A primeira viagem tripulada da New Sheppard, um tributo a Alan Shepard, o primeiro americano no espaço em 1961, durou dez minutos e atingiu uma altitude de cerca de 107 quilómetros, durante os quais os tripulantes conseguiram desfrutar de um ambiente de gravidade zero num período de 3 a 4 minutos.
A felicidade do fundador da Amazon assim que a New Sheppard aterrou com sucesso no Texas, e que será reaproveitada para novas missões, era evidente. “Estamos gratos por todos aqueles que nos ajudaram a cumprir esta missão”, disse o bilionário enquanto abandonava a nave, seguindo-se uma série de abraços entre os tripulantes e a partilha de garrafas de champanhe.
Esta missão foi organizada pela empresa Blue Origin, fundada em 2000 pelo magnata norte-americano, e que, atualmente, é o projeto que tem ocupado a maior parte do tempo de Bezos, que abandonou o cargo de diretor geral da Amazon no início deste mês.
A viagem aconteceu dias depois de Richard Branson se ter tornado o primeiro bilionário a chegar ao espaço. O fundador do grupo Virgin mostrou o seu fairplay e partilhou uma mensagem de parabéns no Twitter.
Depois do sucesso da viagem, a empresa Blue Origin já abriu as vendas para os próximos voos deste negócio conhecido como turismo espacial, apesar de ainda não ter revelado qual o preço fixado. O primeiro cliente da Blue Origin foi Oliver Daemen, a pessoa mais nova de sempre a ir ao espaço, que conseguiu o lugar depois do tripulante original ter cancelado a viagem devido a “conflitos de calendário”. O holandês é filho do multimilionário Joes Daemen, que lhe pagou o bilhete para a viagem.
Além da pessoa mais nova de sempre, a viagem também incluiu a pessoa mais velha de sempre, Wally Funk, uma convidada de honra para a viagem.
Funk foi uma das pioneiras do setor aeroespacial e fez parte de um grupo de aviadoras do Mercury 13, um programa lançado em 1961 para levar mulheres ao espaço que foi descontinuado antes que conseguissem realizar este feito.
Apesar do sucesso da viagem, há também muita controvérsia. A Amazon, empresa que garantiu grande parte da fortuna de Bezos, emprega atualmente mais de 800 mil pessoas só nos EUA e os seus negócios dispararam durante a pandemia da covid-19, mas é frequentemente alvo de críticas por parte de defensores dos direitos dos trabalhadores e reguladores, que denunciam, regularmente, a obsessão pela eficiência e o tratamento dos funcionários como máquinas.
A empresa é acusada de obrigar os seus trabalhadores a urinarem em garrafas de plástico, uma vez que não tem pausas durante os turnos, de pedir para se tornarem “atletas profissionais” de forma a não sofrerem lesões durante o trabalho, de destruir economias locais e de “evitar agressivamente” o pagamento de impostos.
“Luta de classes é o Jezz Bezos, Elon Musk e Richard Branson lucrarem 250 mil milhões de dólares durante a pandemia, pagarem menos taxas de impostos que enfermeiros e estarem a competir para ver quem é que chega primeiro ao espaço enquanto a Terra arde e milhões vivem sem assistência médica, habitação ou comida”, escreveu Warren Gunnels, conselheiro do senador norte-americano Bernie Sanders, no Twitter, acrescentando ainda a hashtag “taxem os ricos”.